Alckmin perdeu a chance de sugerir a Dilma e ao ministro Cardozo que tentem reduzir a taxa de criminalidade no primeiro escalão
Augusto Nunes (*)
A uma velocidade de 70 piscadas por minuto ─ quem não está mentindo se mantém na média de 10 a 15 ─, o ex-jornalista Rui Falcão liberou a população de São Paulo para circular pelas ruas sem sobressaltos e dormir em paz. Como a presidente da República e o ministro da Justiça celebraram uma parceria com o governador em apuros, avisou o dirigente do PT, a onda de violência que assusta os paulistanos há algumas semanas está com os dias contados.
O PCC só andou matando policiais e a PM andou matando bandidos ─ além de civis inocentes, registrou o campeão mundial de piscadas por minuto ─ porque os xerifes tucanos demoraram demais para chamar o delegado federal. Na discurseira, Falcão ensinou que se o Palácio dos Bandeirantes abrigasse não Geraldo Alckmin, mas um militante do PT, o companheiro no poder pediria socorro a Dilma Rousseff assim que ouvisse um disparo. A chefe acionaria por telefone José Eduardo Cardozo, que entraria imediatamente em ação para deixar claro que com o PT ninguém pode.
Se lembrasse que foi eleito pela oposição, Alckmin poderia desmontar com três ou quatro constatações o palavrório cafajeste. Para começo de conversa, ressalvaria que o PCC talvez fosse desbancado do ranking das maiores organizações criminosas se a lista incluísse quadrilhas com representação no Executivo, no Legislativo e no Judiciário. Depois, recomendaria à presidente que cuidasse de vigiar as fronteiras, suprir as carências da Polícia Federal e reduzir a criminalidade no primeiro escalão.
Em menos de dois anos de governo, deveria sublinhar o alvo de Rui Falcão, Dilma foi obrigada a livrar-se de sete ministros envolvidos em assaltos a cofres públicos. Caso esteja efetivamente interessada em combater a bandidagem, a presidente deve antecipar-se a denúncias da imprensa e demitir mais quatro prontuários ainda infiltrados na equipe ministerial. E não custa nada aconselhar o padrinho a parar de aparecer em fotografias confraternizando com delinquentes procurados pela Interpol.
Se fosse oposicionista, enfim, o governador tucano recordaria que, a cada quatro anos, o PT não lança candidatos ao governo paulista; lança ameaças. Em 2002, por exemplo, ao vencer José Genoino, Alckmin impediu que São Paulo caísse nas mãos de um mensaleiro condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha. Repetiu o bom trabalho consumado por Mário Covas em 1994, quando impediu que José Dirceu fizesse no Palácio dos Bandeirantes o que fez na Casa Civil.
A lista de candidatos de alta periculosidade mistura condenados à cadeia e condenados ao naufrágio administrativo. Nessa segunda categoria o destaque é Aloizio Mercadante, que colocou os paulistas em perigo nas eleições de 2006 e 2010. Segundo o PT, Alckmin não controla o PCC nem a polícia. Pelo menos tem tentado. Caso Mercadante fosse o vitorioso, o gabinete do governador estaria provavelmente deserto. Antes que terminasse o primeiro tiroteio, o Herói da Rendição teria batido em retirada.
(*) Jornalista e Ex-Diretor do Jornal do Brasil, do Jornal Gazeta Mercantil e Revista Forbes. Atualmente na Revista Veja
Augusto Nunes (*)
A uma velocidade de 70 piscadas por minuto ─ quem não está mentindo se mantém na média de 10 a 15 ─, o ex-jornalista Rui Falcão liberou a população de São Paulo para circular pelas ruas sem sobressaltos e dormir em paz. Como a presidente da República e o ministro da Justiça celebraram uma parceria com o governador em apuros, avisou o dirigente do PT, a onda de violência que assusta os paulistanos há algumas semanas está com os dias contados.
O PCC só andou matando policiais e a PM andou matando bandidos ─ além de civis inocentes, registrou o campeão mundial de piscadas por minuto ─ porque os xerifes tucanos demoraram demais para chamar o delegado federal. Na discurseira, Falcão ensinou que se o Palácio dos Bandeirantes abrigasse não Geraldo Alckmin, mas um militante do PT, o companheiro no poder pediria socorro a Dilma Rousseff assim que ouvisse um disparo. A chefe acionaria por telefone José Eduardo Cardozo, que entraria imediatamente em ação para deixar claro que com o PT ninguém pode.
Se lembrasse que foi eleito pela oposição, Alckmin poderia desmontar com três ou quatro constatações o palavrório cafajeste. Para começo de conversa, ressalvaria que o PCC talvez fosse desbancado do ranking das maiores organizações criminosas se a lista incluísse quadrilhas com representação no Executivo, no Legislativo e no Judiciário. Depois, recomendaria à presidente que cuidasse de vigiar as fronteiras, suprir as carências da Polícia Federal e reduzir a criminalidade no primeiro escalão.
Em menos de dois anos de governo, deveria sublinhar o alvo de Rui Falcão, Dilma foi obrigada a livrar-se de sete ministros envolvidos em assaltos a cofres públicos. Caso esteja efetivamente interessada em combater a bandidagem, a presidente deve antecipar-se a denúncias da imprensa e demitir mais quatro prontuários ainda infiltrados na equipe ministerial. E não custa nada aconselhar o padrinho a parar de aparecer em fotografias confraternizando com delinquentes procurados pela Interpol.
Se fosse oposicionista, enfim, o governador tucano recordaria que, a cada quatro anos, o PT não lança candidatos ao governo paulista; lança ameaças. Em 2002, por exemplo, ao vencer José Genoino, Alckmin impediu que São Paulo caísse nas mãos de um mensaleiro condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha. Repetiu o bom trabalho consumado por Mário Covas em 1994, quando impediu que José Dirceu fizesse no Palácio dos Bandeirantes o que fez na Casa Civil.
A lista de candidatos de alta periculosidade mistura condenados à cadeia e condenados ao naufrágio administrativo. Nessa segunda categoria o destaque é Aloizio Mercadante, que colocou os paulistas em perigo nas eleições de 2006 e 2010. Segundo o PT, Alckmin não controla o PCC nem a polícia. Pelo menos tem tentado. Caso Mercadante fosse o vitorioso, o gabinete do governador estaria provavelmente deserto. Antes que terminasse o primeiro tiroteio, o Herói da Rendição teria batido em retirada.
(*) Jornalista e Ex-Diretor do Jornal do Brasil, do Jornal Gazeta Mercantil e Revista Forbes. Atualmente na Revista Veja
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