Câncer com terapia mercadológica nas ruas de Santarém
Manuel Dutra (*)
Das cidades por onde já passei só vi isso em Santarém.
Carros de som saem pelas ruas do comércio, estacionam aqui e ali, com um locutor pedindo ajuda para uma pessoa doente, quase sempre uma mulher que, no dizer do locutor, está com uma doença grave e precisa de ajuda urgente.
Essa mulher da foto, que teria 33 anos e moraria no interior do município, foi a bola da vez no fim de semana passado na Pérola do Tapajós, com o carro barulhento estacionando nas paradas de ônibus da Avenida Rui Barbosa, onde há grande concentração de pessoas. O cara anunciava que a mulher tem câncer no colo do útero, pedindo a caridade pública.
Essa prática é antiga em Santarém e, ao que consta, nenhuma "autoridade" já se deu ao luxo de sair de seu pedestal para investigar a coisa. Precisam indagar: 1) que tipo de serviço é esse de sair pelas ruas anunciando por altofalantes a presença de pessoas com doenças graves, ou supostamente doentes, ao mesmo pedindo dinheiro; 2) essas pessoas estão mesmo doentes? 3) se estão sadias, há crime contra a fé pública; 4) se estão, de fato, doentes, estariam sendo exploradas por alguma quadrilha bem falante? 5) Se comprovado que estão doentes, devem ser retiradas de dentro desses carros e levadas para um hospital público imediatamente.
Quem deve agir de imediato? O secretário municipal de Saúde pela óbvia razão de ser ele o responsável pela saúde pública, em conjunto com a polícia na investigação do caso. Se não houver exploração de pessoas doentes, que simplesmente se proíba essa prática. Se houver crime, que sejam processados os que a isso se dedicam, inclusive prováveis falsos doentes. Em lugar civilizado se age assim, banindo práticas não mais aceitas no mundo contemporâneo.
(*) Jornalista, Professor Universitário e morador em Belém
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