quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Políticos honestos dão murro em ponta de faca.

Edilberto Sena (*)

Parece até brincadeira o que rola no congresso nacional. Deputados honestos tentam mais uma vez criar uma lei para moralizar o exercício da política no país.

São 160 projetos de lei que tramitam há anos para disciplinar a administração na Câmara Federal e Senado. Mas até agora, os projetos passam por debates, comissões, emendas e emendas sem que eles cheguem à conclusão. É como aquela brincadeira de crianças – “escravo de Jô, brincando o cafundó, tira, bota, bota e tira... etc.

Mas, pensando bem, o que a sociedade brasileira pode esperar dos políticos em geral? Que eles criem uma lei para acabar com seus próprios vícios? Se a própria lei da ficha limpa, que foi criada sob pressão dos 3 milhões de votos do plebiscito popular, ainda não está em pleno vigor e até está ameaçada de ser anulada! Se ainda esperam que o Supremo Tribunal Federal, também suspeito de falta de seriedade, decida se a lei da ficha limpa é constitucional, como esperar que deputados e senadores façam uma lei, enfiando o punhal da moralidade na sua própria carne?

Esperar o quê? Se boa parte deles está acusada de improbidade no seu mandato? se vários deputados e senadores do Estado do Pará estão acusados de envolvimento com roubo de dinheiro público e até hoje não perderam seus mandatos, porque criaram leis de auto proteção no Congresso Nacional?

Dizem que 23 projetos de moralização da Câmara Federal e Senado estão prontos para a votação, mas não entram na pauta dia, após dia,ano, após ano. Só tem uma saída, infelizmente, é uma mudança geral na constituição, que só tem 23 anos de existência e já toda remendada pelos políticos que defendem causa própria. Mas precisa ser uma
constituinte independente para reformar a constituição. O projeto existe, mas também está lá, nas gavetas.

Como moralizar a vida pública dos representantes do povo, se deixamos nas suas mãos fazerem as leis moralizantes? Essa democracia representativa está obsoleta. O cinismo político chegou ao mais alto grau. Só uma constituinte independente pode mudar as regras do jogo.

(*) Sacerdote e Diretor da Rádio Rural de Santarém(PA)

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