Padre Sidney Augusto Canto (*)
Um dia na igreja eu me sentei num banco e ouvi o pregador dizer:
- Nós precisamos de alguém para dar algumas aulas.
Quem assumirá essa tarefa?
Eu senti Deus ao meu lado, sussurrando:
- Filho, essa é para você.
- Mas, Senhor, falar para tanta gente é uma coisa que não sei fazer! O Sr. Carlos seria o homem ideal para chamar. Não há o que ele não saiba fazer. Eu prefiro ficar aqui no banco assistindo às suas aulas.
Um outro dia, ouvindo o coral, eu sentado no banco, escutei o maestro dizer:
- Nós precisamos de alguém para voz principal nos cânticos. Quem quer assumir essa tarefa?
Novamente eu ouvi a voz de Deus sussurrando:
- Filho, essa é com você.
- Mas, Senhor, cantar diante de uma multidão é uma coisa que eu não posso fazer! Mas há o Jonas, que poderá fazer isso. É melhor eu ficar ouvindo as músicas aqui, sentado no banco.
Em uma outra vez, eu sentado no banco, ouvi o pregador dizer: - Eu preciso de alguém para atuar como anfitrião na entrada da Igreja. Quem aceita essa tarefa?
Mais uma vez ouvi a voz de Deus sussurrando:
- Filho, é algo que você pode fazer!
- Senhor, ficar falando com estranhos é coisa que não consigo fazer! Mas há o Mário,
Senhor: ele pode dar boas vindas às pessoas. Não é retraído como eu e fará isso muito bem. Eu preferiria que alguém viesse me cumprimentar aqui no banco.
Os anos se passaram e eu nunca mais ouvi aquela voz. Até que uma noite eu fechei os olhos e acordei numa praia do céu. Éramos quatro lá, encontrando a eternidade: Carlos, Jonas, Mário e eu. Deus nos disse:
- Eu preciso somente de três de vocês para executar um trabalho para mim.
- Senhor, eu farei o trabalho. - eu clamei - Não há nada que eu não faria.
... Mas Deus me respondeu:
- Obrigado, meu filho, mas sinto muito: no céu não há bancos.
Às vezes ficamos o tempo todo nos nossos “bancos”, sentados, omissos, inertes, esperando o tempo passar. Sempre achamos que há alguém melhor do que nós, alguém para fazer as coisas em nosso lugar.
Enquanto isso, Deus nos chama cada vez mais, e nos mostra que nossa missão no mundo não é ficar sentado e omisso em nossos lugares. Nossa missão é continuar a obra de Deus. Continuar a luta pela Vida, por melhores dias.
Quando você ouvir a voz de Deus no seu coração pedindo que você ajude seu irmão, ajude sua família, ajude seus amigos e principalmente a sua comunidade. Levante-se do seu banco e vá trabalhar pelo bem de todos. Faça isso agora, já! Pois no céu não há bancos para nosso comodismo!
Pense e Reflita !
(*) Sacerdote santareno e foi ordenado presbítero no dia 28 de dezembro de 2001. É membro da Academia de Letras e Artes de Santarém, como escritor e pesquisador da história da sua Diocese já tendo dois livros publicados e outros dois inéditos.
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