segunda-feira, 4 de outubro de 2010

"Fenômeno" Tiririca

O que a eleição de Tiririca representa para a política brasileira?I

Irineu Machado (*)


2010 pode ficar lembrado como o ano em que o Brasil elegeu um palhaço --de verdade-- para o Congresso Nacional.
O palhaço Tiririca, codinome do cidadão Francisco Everardo Oliveira Silva, não só foi eleito como foi o candidato com a maior votação entre os postulantes a uma vaga na Câmara dos Deputados em todas as unidades da federação.

Concorrendo pelo PR-SP, ele teve de 1,35 milhão.
Ficou muito à frente do segundo mais votado do país, Anthony Garotinho (PR-RJ), ex-governador do Rio de Janeiro, que beirou 700 mil votos, e teve mais que o dobro do segundo mais votado em SP, Gabriel Chalita (PSB), escolhido por 560 mil eleitores.

É a segunda maior votação da história para deputado no Brasil: Tiririca só fica atrás de Enéas Ferreira Carneiro (morto em 2007), presidente do extinto Prona e detentor dos votos de 1.573.112 eleitores para deputado federal no pleito de 2002.

A campanha de Tiririca caracterizou-se pelo deboche, virou misto de sucesso e polêmica na internet e tema de todo tipo de discussão, dos debates intelectuais a conversas de botecos. Com essa receita, Tiririca conquistou eleitores --fica para os pesquisadores e analistas a tarefa de entender ou explicar se foi "voto de protesto", se foi um exemplo ousado de marketing ou um retrato do sentimento do descaso que o Congresso galgou na sociedade brasileira após anos de escândalos de corrupção-- e com mais do que o dobro dos votos do segundo candidato a deputado federal mais votado do Estado (Gabriel Chalita, do PSB), ele deve garantira a eleição de outros quatro candidatos de sua coligação (SP tem 70 cadeiras na Câmara).

Depois de ter virado celebridade televisiva nos anos 90, Tiririca decidiu neste ano tentar entrar na política. Vestido de palhaço, seu personagem, e em tom de comédia, Tiririca apareceu em diferentes inserções no horário eleitoral de seu partido, o PR. Identificando-se como "o candidato abestado", ele usou bordões e diz frases como as seguintes:

- "Vote no Tiririca, pior do que tá não fica!"
- "Oi gente, estou aqui para pedir seu voto porque eu quero ser deputado federal, para ajudar os mais 'necessitado', inclusive a minha família. Portanto meu número é 2222. Se vocês não votarem, eu vou morreeer!"
- "Oi, eu sou o Tiririca da televisão. Sou candidato a deputado federal. O que é que faz um deputado federal? Na realidade eu não sei, mas depois, eu te conto."
- "Quando vocês apertarem na urna eleitoral, vai aparecer esse cara aqui, e esse cara aqui sou eu. Ô candidato lindo!"
- "Você está cansado de quem trambica? Vote no Tiririca"
- "Para deputado federal, Tiririca. Vote no abestado"
- (escondendo o rosto): "Adivinha quem está falando? duvido vocês 'adivinhar'! " -- (após tirar as mãos do rosto): "Sou eeeu, o Tiririiiica, candidato a deputado federaaaal, 2222, não esqueeeeeça, peguei vocês, enganei vocês, vocês 'pensou' que fosse outra pessooooa, sou eu, o abestaaaaado, vote 2222!"

(*) Jornalista e Colunista da Folha de São Paulo

3 comentários:

  1. entre palhacos e ladroews prefiram sempre os palhacos

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  2. Caro Anônimo das 21:45 hs obrigado pela audiência.
    Certamente a escolha é correta entre um ladrão e um palhaço. O que se discute é a qualidade e conhecimento dom palhaço. Se o circo da Camara fosse composto apenas de palhaços de profissão, como o que foi eleito, aplaudiria a escolha. Porém, temos que convir que em nada adianta colocarmos um palhaço de profissão, sem conhecimento, sem qualificação para o cargo.
    Óbvio que se a escolha fosse entre um e outro, a escolha cairia em cima do palhaço.
    Valeu e obrigado por participar do bate papo.
    Volte sempre

    Rabiscos do Antenor

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  3. O mais engraçado disso tudo é que os "ladrões" nos fazem rir mais que os "palhaços". Um sorriso meio que irônico, mas um sorriso.

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