quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A esperteza do ministro

José Cruz (*)

Repercutiu a notícia divulgada ontem, com o ministro do Esporte, Orlando Silva, defendendo a “desburocratização dos processos de licitação no Brasil”.

Ele quer “eliminar etapas para a compra de materiais ou serviços pelas entidades públicas”.
Vantagem: agilizar as obras da Copa 2014 e Olimpíadas 2016, está no Lancenet.
Entenderam? É o pulo do gato, isto é, aquela malandragem para fugir de uma licitação a pretexto de ganhar tempo.

Está claro o que escrevi há quatro, cinco, seis meses: as obras atrasam para, na exigüidade do tempo, fugir-se dos processos legais de contratação de serviços.

Pan mal explicado
O ministro nem saiu de uma enrascada fenomenal que envolve assessores de seu ministério, ainda ligados a várias irregularidades no Pan 2007, e já está pensando em “agilizar processos” para os próximos eventos?

E não adianta o Tribunal de Contas da União isentar fulano ou beltrano das tais manobras irregulares, pois o relatório é claro em citar dezenas de imundices praticadas, como pagamentos em dobro, por serviços não prestados, por materiais não entregues, enfim.

Memória
No ano passado escrevi que em 2007 encontrei Orlando Silva no gabinete do então ministro Marcos Vilaça, no TCU, pedindo para não realizar algumas licitações, devido os atrasos nas obras para o Pan.

Orlando Silva desmentiu, claro, pois seu discurso é o da “transparência e lisura”.
Mas guardo a entrevista de Marcos Vilaça dizendo: "estou explicando ao ministro que não é possível contratarmos nada sem licitação”. A entrevista foi em pé, na porta de seu gabinete, diante de Orlando Silva, assessores e técnicos do TCU. Tudo muito claro, portanto.

Auditorias
Além disso há o caso do dinheiro público despejado no esporte.
O Ministério do Esporte, os comitês Olímpico e Paraolímpico e as confederações precisam passar por uma rigorosa, severa, detalhada auditoria do TCU ou Ministério Público.

Fiquem de olho no projeto Segundo Tempo, que já se tornou caso de polícia, com prisões, inclusive, e até envolvendo denúncias sobre o ex-ministro Agnelo Queiroz, como revelaram as revistas Veja e época
O Brasil o precisa entrar “limpo” na sua gestão esportiva para receber os Jogos 2016.

Não só os atletas devem passar por exames antidoping, mas os dirigentes precisam provar que estão aptos a exercerem seus cargos, exibindo atestado de idoneidade ética e moral para lidar com o dinheiro público.

Os escândalos ocorridos nas confederações de Judô, Tênis,Vela e, mais recentemente Taekwondo motivam esse alerta e sugerem ação imediata das autoridades fiscalizadoras desse valorizado patrimônio da União, o dinheiro do contribuinte.

(*) Jornalista e cobre há mais de 20 anos os bastidores da política e economia do esporte, acompanhando a execução orçamentária do governo, a produção de leis e o uso de verbas estatais na área esportiva

 Nota do Blog : Em resumo é pilantragem em cima de pilantragem . 

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