Opinião do Estadão
Em 2010, o presidente Lula surfava na popularidade e achava-se insuperável.
Tanto que escolheu um poste para lhe suceder - a chefe da Casa Civil Dilma Rousseff.
Com os principais nomes do PT envolvidos no escândalo do mensalão, a escolha de Dilma parecia um golpe de mestre. Ela, que nunca tinha concorrido a uma eleição, podia apresentar-se sem mácula ao eleitorado. E, principalmente, ao criar uma candidata sem sustentação política própria, Lula seria o seu esteio - e poderia continuar dando as ordens.
Diante das graves necessidades do País, a escolha de Dilma era um passo mais que arriscado. A Presidência da República exige não poucas habilidades administrativas e políticas nas quais a então candidata não tinha sido testada. Mas os interesses do País nunca pesaram muito nos cálculos de Lula. O importante era manter a continuidade do seu projeto de poder.
Como ficou evidente ao longo dos quatro anos do primeiro mandato de Dilma, a escolha de Lula significou um enorme prejuízo para o País. As piores expectativas concretizaram-se. Com o seu voluntarismo, sua inabilidade para a política, sua incompetência administrativa e, principalmente, sua incapacidade de enxergar objetivamente a realidade, Dilma simplesmente desgovernou o País, afetando negativamente todos os setores da economia.
A presidente Dilma Rousseff foi capaz de criar tamanho caos que, mesmo com todo o assistencialismo estatal - os repasses econômicos diretos do governo federal à população de baixa renda -, por pouco a oposição não ganhou as eleições de 2014. Mas o fato é que o PT venceu mais uma eleição presidencial e Lula ganhava, assim, mais um round da vida política brasileira.
No entanto, o ex-presidente esqueceu-se de uma coisa. Ao escolher um poste para suceder-lhe, não colocou em risco "apenas" o País. Lula não percebeu, na sua infinita esperteza, que aquela escolha significava mais do que pôr o interesse particular - a manutenção do PT no poder - acima do interesse coletivo. Ao escolher Dilma, ele estava colocando em risco o próprio PT. Lula não fez apenas um cálculo egoísta e irresponsável. Fez um cálculo errado.
Tanto é assim que o País assiste agora a um inusitado fenômeno. Ao invés de atrair apoios, o partido que controla o governo federal e deveria ter folgada maioria no Congresso provoca rejeição. É rejeitado por grande parte da população e, agora, por alguns de seus membros. Marta Suplicy foi a primeira a avisar que abandonaria o barco. Ao Estado, a senadora afirmou: "Ou o PT muda ou acaba". Esperta, deu-se conta dos rumos da opinião pública.
Mas Marta não é a única insatisfeita. O também senador Paulo Paim, petista histórico do Rio Grande do Sul, com quatro mandatos na Câmara e dois no Senado, também está preparando as malas. Em entrevista ao Estado, Paim afirmou que, caso as coisas se mantenham como estão, terá "muita dificuldade de ficar" no PT. E há outros tantos insatisfeitos nas bancadas petistas, incluindo outro senador, Walter Pinheiro (PT-BA).
Diante dessa movimentação, Lula - que é muito ativo quando o seu interesse está em jogo - tem arregaçado as mangas e ido à luta. Em primeiro lugar, foi falar mais uma vez com a sua criatura, a presidente Dilma Rousseff. E num tom de voz que não deixava dúvidas quanto ao seu estado de ânimo. Agora, Lula vem gastando todo tempo que pode para dissuadir os insatisfeitos de dissentir ou desertar.
Talvez tenha se dado conta de que não estão em jogo apenas as eleições de 2018 nem muito menos as de 2016. O que agora parece estar em jogo é a continuidade do PT como partido relevante na política brasileira. As recentes votações na CPI da Petrobrás - com a convocatória de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, e de Luciano Coutinho, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - mostram um cenário impensável até bem pouco tempo atrás.
Sem nem desconfiar, Lula pode ter assinado a sentença de morte do próprio partido, ao ter escolhido Dilma Rousseff para suceder-lhe. Os fatos dirão.
Em 2010, o presidente Lula surfava na popularidade e achava-se insuperável.
Tanto que escolheu um poste para lhe suceder - a chefe da Casa Civil Dilma Rousseff.
Com os principais nomes do PT envolvidos no escândalo do mensalão, a escolha de Dilma parecia um golpe de mestre. Ela, que nunca tinha concorrido a uma eleição, podia apresentar-se sem mácula ao eleitorado. E, principalmente, ao criar uma candidata sem sustentação política própria, Lula seria o seu esteio - e poderia continuar dando as ordens.
Diante das graves necessidades do País, a escolha de Dilma era um passo mais que arriscado. A Presidência da República exige não poucas habilidades administrativas e políticas nas quais a então candidata não tinha sido testada. Mas os interesses do País nunca pesaram muito nos cálculos de Lula. O importante era manter a continuidade do seu projeto de poder.
Como ficou evidente ao longo dos quatro anos do primeiro mandato de Dilma, a escolha de Lula significou um enorme prejuízo para o País. As piores expectativas concretizaram-se. Com o seu voluntarismo, sua inabilidade para a política, sua incompetência administrativa e, principalmente, sua incapacidade de enxergar objetivamente a realidade, Dilma simplesmente desgovernou o País, afetando negativamente todos os setores da economia.
A presidente Dilma Rousseff foi capaz de criar tamanho caos que, mesmo com todo o assistencialismo estatal - os repasses econômicos diretos do governo federal à população de baixa renda -, por pouco a oposição não ganhou as eleições de 2014. Mas o fato é que o PT venceu mais uma eleição presidencial e Lula ganhava, assim, mais um round da vida política brasileira.
No entanto, o ex-presidente esqueceu-se de uma coisa. Ao escolher um poste para suceder-lhe, não colocou em risco "apenas" o País. Lula não percebeu, na sua infinita esperteza, que aquela escolha significava mais do que pôr o interesse particular - a manutenção do PT no poder - acima do interesse coletivo. Ao escolher Dilma, ele estava colocando em risco o próprio PT. Lula não fez apenas um cálculo egoísta e irresponsável. Fez um cálculo errado.
Tanto é assim que o País assiste agora a um inusitado fenômeno. Ao invés de atrair apoios, o partido que controla o governo federal e deveria ter folgada maioria no Congresso provoca rejeição. É rejeitado por grande parte da população e, agora, por alguns de seus membros. Marta Suplicy foi a primeira a avisar que abandonaria o barco. Ao Estado, a senadora afirmou: "Ou o PT muda ou acaba". Esperta, deu-se conta dos rumos da opinião pública.
Mas Marta não é a única insatisfeita. O também senador Paulo Paim, petista histórico do Rio Grande do Sul, com quatro mandatos na Câmara e dois no Senado, também está preparando as malas. Em entrevista ao Estado, Paim afirmou que, caso as coisas se mantenham como estão, terá "muita dificuldade de ficar" no PT. E há outros tantos insatisfeitos nas bancadas petistas, incluindo outro senador, Walter Pinheiro (PT-BA).
Diante dessa movimentação, Lula - que é muito ativo quando o seu interesse está em jogo - tem arregaçado as mangas e ido à luta. Em primeiro lugar, foi falar mais uma vez com a sua criatura, a presidente Dilma Rousseff. E num tom de voz que não deixava dúvidas quanto ao seu estado de ânimo. Agora, Lula vem gastando todo tempo que pode para dissuadir os insatisfeitos de dissentir ou desertar.
Talvez tenha se dado conta de que não estão em jogo apenas as eleições de 2018 nem muito menos as de 2016. O que agora parece estar em jogo é a continuidade do PT como partido relevante na política brasileira. As recentes votações na CPI da Petrobrás - com a convocatória de João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, e de Luciano Coutinho, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - mostram um cenário impensável até bem pouco tempo atrás.
Sem nem desconfiar, Lula pode ter assinado a sentença de morte do próprio partido, ao ter escolhido Dilma Rousseff para suceder-lhe. Os fatos dirão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário