sexta-feira, 16 de março de 2012

Uma vergonha atrás da outra

Copa 2014: Relatório da Câmara e do Senado é fraquíssimo

José Cruz (*)

Quatro meses depois de visitar São Paulo, a última no roteiro de fiscalização das cidades-sede da Copa, as comissões de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados e a de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado Federal divulgam o relatório com suas observações.

Cinco áreas foram avaliadas: mobilidade urbana, estádios, aeroportos, portos e setor hoteleiro. Mas o relatório é fraquíssimo. Apesar do evidente esforço dos técnicos legislativos para torná-lo atrativo isso não foi possível, pois as observações dos políticos, que se deveriam ser rígidas, não contribuíram para um documento contundente diante da realidade dos preparativos para 2013 e 2014.

Não há novidades no documento em comparação às auditorias do Tribunal de Contas da União. Além disso, os dados agora apresentados estão quatro meses defasados.

Mais: o relatório do Legislativo se valeu de dados do Ministério do Esporte, desatualizados, claro, pois até agora não há um controle eficiente do Executivo sobre os gastos públicos, como já mencionou o ministro Valmir Campelo, do Tribunal de Contas da União.

Assim, a contribuição parlamentar é lamentável. Chegaram a incluir em seu relatório o estádio de Brasília como o único com “redução” no seu custo original.

Na verdade, o Mané Garrincha é mais um teve aumento ao longo da construção, saindo de R$ 650 milhões para R$800, devido à contratação da cobertura. E ainda faltam as cotações de gramado, iluminação, tecnologia de informação etc, itens que as excelências nem se ativeram pesquisar.

Desapropriações
Este é um dos casos mais graves nesta fase de preparação do país. Mesmo assim, também o Legislativo fez vistas grossas ao assunto, apesar do forte apelo social. “Apenas em Fortaleza e Natal tratou-se do tema perifericamente”, dizem deputados e senadores.

Reparem: das 12 cidades-sedes visitadas, deputados e senadores trataram do assunto “desapropriações” em apenas duas, assim mesmo de forma “periférica”…

Em resumo: deputados e senadores devem à sociedade uma participação mais efetiva na preparação do Brasil para receber os megaeventos, Copa das Confederações e Copa do Mundo. Não fosse por esse relatório sem novidades, também em plenário as excelências marcam passo ao se enrolarem na aprovação da Lei Geral da Copa, expondo o país à crítica internacional.

(*) Jornalista e que cobre as áreas de política, economia e legislação do esporte. Participou da cobertura de eventos esportivos internacionais nos últimos 20 anos.

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