sábado, 17 de março de 2012

Estupidez

Renato Gomes Nery (*)

Caminhamos todos os dias a pé para o nosso escritório que fica próximo ao bairro onde moramos. E andar a pé por esta cidade se tornou um exercício perigoso, pois os espaços para pedestres são ínfimos, a quantidade de carros cresceu em progressão geométrica e os espaços que ficaram nas vias públicas são exíguos. A pretensa eficiência prometida pelo aumento dos espaços urbanos e das vias de escoamento, em face das obras da Subsede da Copa do Mundo, ainda é uma promessa.

Mas, não é este o assunto deste artigo. O motivo dele é que moramos próximo da Universidade Federal e neste início de ano é grande o movimento de calouros seminus pintados e esfarrapados que atravessam as vias públicas, atrapalhando o trânsito e incomodando os motoristas com pedidos de dinheiro para suas travessuras de calouros.

O trote que demonstra uma das faces da estupidez humana na sua forma mais pura. Faz parte de um ritual grosseiro repetido semestre a semestre, ano a ano, para comemoração daqueles que lograram êxito no vestibular para cursar uma faculdade.

Será que esta comemoração e a força destes jovens não poderiam ser utilizadas para uma causa mais útil e mais nobre? Será que é preciso desfilar a mediocridade, se sujando e se pintando como índios para festas? Festas estas que não fazem parte os menos favorecidos da sociedade, vítimas do ensino público precário do nosso País!!

Mas, da juventude tudo se perdoa, até as asneiras!! Nela tudo é motivo de comemoração, pois tem o monopólio do fogo, quando na velhice se tem o da luz, como afirmava Will Durant. O aqui descrito é fruto do fogo, pois da luz é a triste constatação de que tudo ver e pouco se pode. Os jovens possuem uma imensa força e energia e não sabem bem o que fazer com elas. E somente eles têm capacidade suficiente para mudar este mundo errático, caquético e de tantas patifarias. Mas que podiam, podiam capitalizar estas energias para algo mais edificante!! Este conselho deve ser desnecessário, pois há dois sinais graves de velhice: dar conselhos e cultuar o nosso passado.

(*) Advogado em Cuiabá-MT. E-mail – rgnery@terra.com.br

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