Kennedy Alencar (*)
Além da preocupação com a valorização do real, o radar econômico da presidente Dilma Rousseff está atento aos investimentos da Petrobras no pré-sal e às sucessões de poder nos Estados Unidos e na China.
Priorizar os investimentos domésticos, pisando no freio de planos de expansão externa, é a principal missão que Dilma deu à nova presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster. A tarefa ajuda a explicar sua nomeação.
A maior estatal brasileira responde por aproximadamente 60% dos investimentos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Garantir a aplicação desses recursos pode ajudar o país a atravessar um período de crise econômica mundial que começou em 2008 e que dá sinais de que ainda pode durar pelo menos um mandato presidencial.
Nesse sentido, a Petrobras cumpriria uma missão importante para manter aquecida a economia brasileira. Dilma gostaria de chegar ao final do seu mandato com uma extração significativa de petróleo da camada do pré-sal e com uma infraestrutura preparada para dar conta do recado pelos próximos 20 anos.
Os investimentos em infraestrutura que estão ligados à realização da Copa do Mundo e às Olimpíadas de 2016 são, digamos assim, a cereja do bolo do pacote de obras que Dilma gostaria de tirar de verdade do papel.
De resto, outras obras federais terão de conviver com a tesoura para manter um rigor fiscal que permita a continuidade da redução da dívida pública em relação ao PIB (Produto Interno Bruto).
EUA e China
No PT, uma ala ligada ao ex-ministro José Dirceu costuma dizer que, do ponto de vista pragmático, é sempre melhor para o Brasil um presidente republicano do que uma democrata. Dilma não pensa assim. E tem esperança de que um Barack Obama reeleito possa reencontrar o candidato de 2008. Seria melhor para o planeta.
Da Ásia, as informações que chegam ao governo dão conta de uma sucessão que manterá a linha de Hu Jintao. A mudança deverá acontecer em outubro. Para o Brasil, é sinal de que precisa de uma estratégia pendular. Ou seja, continuarmos com a reaproximação com os EUA, movimento que teve início no ano passado, e hora de nos afastarmos um pouco da China, que tem se beneficiado com mais qualidade comercial das nossas relações bilaterais.
Banco Central
Juros mais baixos continuam a ser um preocupação da presidente, mas são uma questão que ela julga em processo de solução. O atual Banco Central, sob o comando de Alexandre Tombini, mais do que captou a mensagem de que deve levar em conta o crescimento da economia na hora de fixar a taxa básica de juros, a Selic.
(*) Jornalista é colunista da Folha de São Paulo
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