Eduardo Tessler (*)
Quando o piloto brasileiro Felipe Massa reduziu a velocidade de sua Ferrari para deixar o companheiro Fernando Alonso passar - por ordens da equipe - a imprensa brasileira caiu de pau. Só se falou disso durante muito tempo, da falta de esportividade, do jogo de cartas marcadas.
Verdade que no final do campeonato de Fórmula-1 a performance de Alonso nas pistas provou que a decisão da Ferrari era correta. O espanhol disputou o título até a última corrida, Massa já não estava entre os finalistas duas corridas antes. Mas isso é outra história.
O Brasileirão 2010 será o campeonato do corpo mole. Sim, pela primeira vez equipes de primeiro nível do futebol brasileiro perdem jogos de propósito, ferindo o Estatuto do Torcedor e a alma de qualquer pessoa que goste de futebol. A competição de 2005 foi manchada pela corrupção na arbitragem - e pelo erro escrachado de um árbitro ao não marcar pênalti contra o Corinthians em jogo decisivo. No ano passado o mesmo Corinthians pegou leve contra o Flamengo, que acabou campeão. Mas nunca antes na história de um torneio tantos clubes entregaram jogos juntos como agora.
Se a Justiça Desportiva não toma nenhuma providência, alguém tem que tomar. Ou não vai adiantar chorar depois que a torcida abandonar os estádios, certo?
Antes de mais nada é preciso avaliar se vale a pena ou não mudar a fórmula. O Santos, em 2002, foi campeão mesmo tendo chegado em oitavo lugar na fase de pontos corridos. Ou seja, o mata-mata não faz justiça ao melhor em oito meses, mas a quem chegar ao final em melhor forma. Em 2010 o Grêmio apareceria como favorito, mesmo estando apenas decidindo a quarta colocação.
Então o ideal não é formulismo, nem pontos corridos, Uma fórmula híbrida, nem tanto ao céu, nem tanto à terra, pode ser a solução - os patrocinadores adorariam. O Campeonato Carioca é disputado em dois turnos, Taça Guanabara e Taça Rio. Hoje há fórmulas, semifinais e finais em cada Taça, mas antigamente jogavam todos contra todos e o campeão de cada turno (por pontos corridos) estava nas finais. Junto aos dois estava o clube com maior número de pontos somadas as duas taças. E desse triangular final saía o Campeão Carioca.
Então a proposta para acabar com a marmelada e tentar devolver a dignidade do futebol brasileiro é a seguinte:
* Dois turnos em pontos corridos. O campeão de cada um estará classificados para as finais.
* O clube com maior número de pontos corridos, mesmo não vencendo nenhum dos dois turnos, também estará nas finais.
* Se um mesmo clube vencer um dos turnos e somar mais pontos, entrar na final (apenas contra o campeão do outro turno) em vantagem por dois resultados iguais.
* Se um mesmo clube ganhar os dois turnos será campeão sem necessitar da disputa de finais.
* Com três clubes nas finais, joga-se um torneio triangular, ida e volta. O vencedor é o campeão brasileiro. Sem marmeladas.
Bem, fica a sugestão. Alô, alô, CBF.
(*) Jornalista e Consultor de Empresas de Comunicação. Edita o blog Mídia Mundo.
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