Nota do Blog: Para quem teve oportunidade de trabalhar quase 40 anos em uma empresa grande e séria com seus custos e compromissos, ler uma reportagem dessa mostra o quanto levamos as coisas na base do jeitinho, do empurra-empurra, da falta de seriedade, da falta de compromisso. Afinal, trata-se de dinheiro público e não sai do bolso de quem projeta. Dessa forma, é mais fácil, ficar na forma do faz de conta . No papel mostra que gastamos R$ 500 milhões mas, na realidade, gasta-se R$ 1 bilhão. O que são R$ 500 milhões de diferença. Num governo onde dinheiro é capim e tratado da maneira tipo sem-dono, as coisas são feitas de qualquer maneira. O importante é ter Copa do Mundo. Se os estádio não tiver grama no orçamento, na hora a gente coloca. Paga-se por fora. Safadeza, incompetência, camarilha que toma conta do dinheiro público.
Vejam se em alguma empresa séria os orçamentos são incompletos, são há pagamentos para depois, se não há controles nos gastos individuais setor por setor dentro do orçamento proposto. E se faltou alguma coisa , quem deixou faltar paga pelo erro. Simples.
Mas, trata-se de obras públicas. Dinheiro do povo. Povo que gosta de futebol . Então não há problemas. Tal qual Pan 2007. Projeta-se R$ 400 milhões de gastos e na realidade gasta-se R$ 4 bilhões. Apenas um zero a mais. Alguém pagou o pato?? Segue o enterro.
Isto é o Brasil do homem de 80% de popularidade.
Leiam a reportagem da Folha de São Paulo e tirem suas conclusões:
Orçamentos para os estádios da Copa-2014 não incluem itens essenciais; falta até grama
Depois de gastar R$ 696 milhões, o Distrito Federal terá construído um estádio sem cobertura, sem telão, sem cabos de internet ou de transmissão de TV.
Até mesmo sem gramado.
Nenhum dos itens foi incluído na licitação para a construção do Estádio Nacional de Brasília, arena que receberá partidas da Copa do Mundo de 2014.
Só serão orçados, comprados e instalados perto do próximo Mundial.
"Nenhuma das empreiteiras produz esses produtos. Teríamos que pagar os impostos em duplicidade sobre cada um deles", diz Sérgio Graça, diretor da agência para a Copa do DF. "E teremos tecnologias melhores para esses itens no futuro."
Não é uma exceção. Orçamentos incompletos, projetos insuficientes e condições de pagamento complexas mostram que o gasto das arenas será superior ao previsto.
A conta atual das arenas é de R$ 5,839 bilhões --quase o triplo da estimativa inicial da CBF, de R$ 1,95 bilhão, feita na candidatura brasileira.
TECNOLOGIA
É a tecnologia da informação que deve gerar maiores acréscimos ao preço das arenas. O argumento é o mesmo de Brasília: reduzir custos.
"A Fifa vai passar as exigências de TI (tecnologia da informação). Por isso, nosso projeto não atende isso", declara o diretor da Agência da Copa de Mato Grosso, Yênes Magalhães. "A Europa, por exemplo, pede anel de fibra metálica em volta do estádio [utilizado para conexões de banda larga e transmissão de TV]. Teremos que atender."
Incluindo os assentos, ele estima em R$ 50 mi (ou 15%) o aumento do valor da construção da Arena Pantanal.
O Castelão, em Fortaleza, não incluiu a estrutura para internet de banda larga (mais R$ 8,9 milhões). E duas torres de energia eólica somarão R$ 12,7 milhões à conta.
Algumas cidades dizem já incluir todas as exigências da Fifa. É o caso de Itaquera, cujo projeto ainda nem foi divulgado. "Quando sair [o projeto], vai contemplar todas as necessidades, gramado, tudo", diz Antônio Paulo Cordeiro, um dos responsáveis pelo projeto paulistano.
Em Manaus, o orçamento tem tudo para deixar a arena pronta. Mas a intenção de apressar a obra, com duração de 36 meses (até março de 2013), pode encarecê-la.
Queremos 30 meses para participarmos da Copa das Confederações. Vamos negociar com a Andrade Gutierrez [empreiteira da obra]", diz o secretário de Planejamento do Amazonas, Marcelo Lima.
SERVIÇOS EXTRAS
Há sedes em que o preço divulgado está abaixo do valor real devido às condições de pagamento e aos serviços extras das construtoras.
Na Bahia, oficialmente, a construção da Arena Fonte Nova custará R$ 591,7 milhões. Mas, no total, o Estado da Bahia deve pagar em torno de R$ 1,6 bilhão.
Pela operação montada, o governo começará a quitar sua dívida apenas em 2013, em 15 prestações anuais de R$ 107 milhões cada uma.
Segundo a assessoria do governo, esse valor inclui o custo das obras, "despesas pré-operacionais, encargos financeiros, tributos e remuneração do privado".
De acordo com o Estado, em valores atuais, isso significaria R$ 930 milhões.
Realidade parecida vive o Mineirão. O preço para a reforma é de R$ 426 milhões. Mas o contrato assinado com a empreiteira irá prever um desembolso do Estado de até R$ 743,4 milhões, incluindo obras no entorno, manutenção, operação e seguro.
O valor será ainda maior por conta dos juros, já que Minas Gerais só começará a pagar a obra em 2013, em parcelas anuais, por 25 anos.
No Rio, também há custos que não aparecem na licitação do Maracanã, como os de três consultorias contratadas por cerca de R$ 250 mil.
Há ainda casos de sedes com projetos embrionários ou com pouco detalhamento, cujos custos ainda podem ter grandes variações.
O projeto final para o estádio de Itaquera não está pronto e não há orçamento.
O custo inicial para a construção da arena do Corinthians, com capacidade para 48 mil pessoas, era de R$ 330 milhões. Mas o número de assentos subiu para 65 mil para receber a abertura da Copa, e a estimativa de gastos foi para R$ 600 milhões.
O COL (Comitê Organizador Local) tem acompanhado a adaptação dos planos do estádio paulistano. Suas observações, invariavelmente, geram aumento de custos.
A Arena da Baixada tem orçamento fechado: R$ 145 milhões. Só que nem houve uma licitação nem uma definição detalhada da reforma.
Mais avançado nas obras, o Internacional não tem um orçamento para a reforma do Beira-Rio. Problemas políticos e discussões técnicas atrasaram o acerto final.
A estimativa atual é de R$ 155 milhões, mas o COL entende que chegará a R$ 200 milhões. "Eles [COL] vão ver que não precisa de tudo isso. Se precisar, não vai ser problema", declara o presidente do time, Vitório Piffero.
Já em Natal, o Estado estima gastar R$ 400 milhões com a construção da Arena das Dunas, por meio de uma parceria público-privada.
Uma nova licitação deve ser lançada ainda este ano. Na anterior, nenhuma empresa se interessou em assumir a obra. Assim, pelo estágio atual do projeto, é impossível dizer quando o estádio terá equipamentos de tecnologia, cobertura ou gramado.
Em paralelo ao processo de aumento dos gastos, há a diminuição dos custos por conta de isenções tributárias aos estádios da Copa --já foram concedidas, mas ainda não estão contabilizadas nos orçamentos. Essa redução será paga pelos cofres públicos --governos federal, estadual e municipal, que abrem mão de suas arrecadações.
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