sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A novela das rodovias do Norte

Lula dá BR-163 e Transamazônica como prontas, mas obra não sai
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Incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e relacionadas no balanço geral do presidente Luís Inácio Lula da Silva como concluídas, as obras de pavimentação das rodovias BR-163 (Santarém-Cuiabá) e BR-230 (Transamazônica) avançaram pouco durante os oito anos de mandato do petista. As duas rodovias cortam a Amazônia, são fundamentais para uma população de mais de 3 milhões de habitantes e estratégicas para o país do ponto de vista logístico, mas tiveram apenas alguns quilômetros efetivamente asfaltados no governo Lula.

A BR-163, que liga o Centro-Oeste brasileiro à cidade de Santarém, no oeste do Pará, é considerada uma das rodovias mais importantes do país, por facilitar o escoamento da produção agrícola do centro-oeste via porto de Santarém, reduzindo a distância e os custos com frente. Nos oito anos do governo Lula, pouco mais de 100 quilômetros de estrada receberam asfalto, de um total de mais de mil quilômetros que precisam ser pavimentados. No ritmo que obras vêm sendo tocadas pelo governo, seria necessário um século para concluir a obra.

A Transamazônica também passa pela mesma lentidão. Em dois mandados de quatro anos, o governo Lula não conseguiu pavimentar mais do que 60 quilômetros de estrada, dos mais de 800 que precisam ser asfaltados. Este ano o governo conseguiu licitar todos os trechos, mas a obra efetivamente não avança como o esperado. Dos 200 quilômetros que deveriam ser pavimentados este ano, nem mesmo 50 deverão ser de fato concluídos. Em alguns trechos as empreiteiras abandonaram as obras após as eleições, alegando falta de repasse de recursos.

O avanço significativo na condução dos dois projetos aconteceu na área ambiental. Antes com problemas de licenciamento e questionadas por lideranças ambientalistas e pelo Ministério Público Federal, as duas obras estão completamente licenciadas pelo Ibama, mas o processo de licenciamento demorou todo o governo Lula para ser concluído. Hoje praticamente não existem mais questionamentos quanto à viabilidade destas obras e a criação de mais de 20 milhões de hectares de reservas ambientais no entorno das rodovias garante a preservação da floresta.

A expectativa é que as duas rodovias sejam completamente pavimentadas nos próximos dois anos, mas os ritmos das obras não apontam para isso. Mesmo a Transamazônica, que virou prioridade máxima depois do leilão da usina de Belo Monte, não tem máquinas e trabalhos que demonstram que as obras vão avançar de forma rápida a partir de agora. Além disso, a mudança de governo, por mais que haja um indicativo de continuidade das obras, causa temor nas lideranças da região. Isso porque há indícios de que o governo fará cortes no orçamento nos próximos anos e as obras da região sempre são as primeiras a ficarem sem recursos.


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