quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Faltou humildade ao Inter

José Ilan (*)

Sejamos realistas: nem deu pra saída.

O sonho do Internacional em Abu Dhabi acabou muito antes do que todos esperavam.

E talvez seja exatamente este o problema: excesso de confiança. Dos jogadores, torcedores, da imprensa, de todos.

Infelizmente, um dos papéis de quem se prepara há cinco meses para lutar por um título mundial é exatamente lutar contra as próprias fraquezas humanas, dentre elas, soberba e excesso de confiança.

Enfim, não perder por tão pouco algo pelo qual se lutou tanto.

Pelo que se viu em campo, ninguém vai me convencer de que o Inter entrou 100% concentrado na partida contra o desconhecido Mazembe, da África. Era natural que não entrasse, humano até.

Mas faltou prever que algo poderia não ir tão bem quanto o esperado. Como confessou Rafael Sóbis em entrevista franca após o jogo, “você nunca pensa que isso (a derrota) possa acontecer”…

E o Inter perdeu porque, apesar de tentar disfarçar, nunca pensou de fato que uma derrota pudesse acontecer. Por isso, jogou menos do que poderia. Com exceção dos primeiros minutos do jogo, até levar o gol, o colorado dava a impressão de atuar com o subconsciente lhe avisando que ganharia a qualquer momento, quando bem entendesse.

Quando os africanos pularam à frente, tardiamente Celso Roth e seus jogadores devem ter se lembrado que o valente time Africano já havia surpreendido o Pachuca. E só aí, desconfiaram que a surpresa contra os mexicanos talvez não tivesse sido apenas acidente.

E assim, todos fomos lembrados de que futebol ainda é jogado por dois times. Um jogo que vai continuar tendo favorito e zebra, mas que não dá a ninguém vitória por antecipação.

O Mazembe, zebra da vez, jogou de igual pra igual, teve menos a bola e finalizou menos. Mas tocou bem, teve mais goleiro, mais tranquilidade e mais eficiência no ataque.

O Inter até deu a impressão de que poderia ter reagido. Mas a eliminação está longe de representar qualquer injustiça, dessas comuns em futebol. Não respeitar e negar mérito ao adversário seria apenas prolongar a soberba.

Na bagagem colorada, que vai voltar recheada de frustração, parece ter faltado, na ida, um ítem tão indispensável quanto o passaporte:

(*) Jornalista esportivo. Escreve o blog IlanHouse

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