quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Sempre a mesma pergunta

Antenor Pereira Giovannini (*)

Quantos empregos a Cargill realmente gera? Toda vez que surge alguma pendenga contra a Empresa essa pergunta fica no ar como a sempre mesma forma de questionamento: a Empresa deveria gerar milhares e milhares de empregos. Mas, nenhum dos questionadores considera que uma coisa é o anuncio feito pelos dirigentes municipais na época da sua instalação quanto ao número de empregos que seria criado por conta da construção e implantação de tudo e outra, efetivamente, o que a Empresa necessita para sua operação.

Torna-se necessário entender que em todo esse processo de aquisição e embarque de produtos a necessidade de pessoal não é muito grande, diferentemente de uma fábrica onde obrigatoriamente há uma cadeia de processos industriais necessitando de mão de obra. Se procurarem saber em todas as empresas em que o ciclo operativo é apenas de compra/embarque, certamente se constatará que o número de funcionários é bem pequeno. Onde ocorre esse crescente número de empregos? No ciclo produtivo. Para cada hectare de área no campo são necessários dois homens que representam seis empregos diretos na cidade. Essa cadeia produtiva faz com que haja geração de empregos e renda. Não serão uma ou duas ou mais empresas compradoras e exportadoras de grãos que farão com que haja essa disponibilidade monstruosa de empregos que normalmente é cobrada.

A empresa compradora não produz as sementes. Certamente haverá a necessidade de outras empresas que as produzam. A empresa compradora não produz adubo. Da mesma forma haverá necessidade de que outra empresa o produza. . A empresa compradora não produz máquinas para plantio e colheita. Outras empresas operando nesse segmento terão que surgir. A empresa compradora não produz químicos para combate a pragas. Outras empresas é que se encarregam disso. A empresa compradora não produz óleo diesel para abastecimento e movimentação do maquinário. Caso haja um aumento dessa demanda surgirá, em conseqüência, a necessidade de haver mais postos de combustíveis. A empresa compradora não conserta máquinas quebradas e, por conta disso, outro segmento será alvo de incremento, ou seja, aumentarão as oficinas para reparos desse tipo de veículo, o que resultará em mais empregos. Aí está, em rápida descrição, a cadeia geradora de empregos. E a principal peça nesse desenvolvimento de empregos e renda é o produtor.
A empresa compradora não planta e, portanto, necessita do produtor que junto com sua família fecham o ciclo porque afora plantar terá que se suprir na cidade de todo esse material para desenvolver seu plantio bem como sua subsistência junto com sua família (alimentação/escola/vestuário etc).

Vem daí o ciclo de empregos. Quem andar por todas as cidades que participam ativamente do ciclo produtivo de qualquer alimento, não somente grãos, poderá verificar que quem compra e comercializa possui um número limitado de empregos, porém há uma penca de dependentes desse ciclo. Obviamente o ciclo produtivo poderá alavancar outra série de possibilidades de empregos como uma fábrica, por exemplo, caso na região haja produção que possibilite sua implantação.

O mesmo pode-se dizer no ciclo de rações para animais que fará com que essa cadeia fique muito maior. Por exemplo: com milho e soja juntos se consegue concentrar o maior indutor de proteínas para sustentação de uma ração para alimentação animal. Já temos no campo um grupo de pessoas que produz e isso é levado para uma fábrica de rações que mesmo pequena, já absorve um outro número de funcionários. Se tivermos o produtor de grãos teremos mais um produtor, o de aves ou de suínos ou de peixes. E será necessário sua estrutura, sua família e mais empregados para tocar seu negócio, mesmo que pequeno. Irá precisar de galpões ou gaiolas e comedouros ou redes e conseqüentemente a cidade terá que lhe abastecer desses materiais para que seu empreendimento gere rentabilidade.
Da mesma forma que gera a possibilidade de uma fábrica de rações, a produção de frangos/suínos ou peixes pode desaguar em um novo caminho que é um abatedouro que possa atender uma demanda interna e externa, principalmente onde existe um porto na porta.

E pensando em comercialização interna ou externa surge outro personagem que é a empresa que possa fazer esse pacote de todas essas produções e dar a elas o destino final. Exatamente o que faz a empresa que hoje é cobrada por não gerar empregos.
Empregos serão sempre o resultado da cadeia produtiva seja de que produto for plantado. O resto é discurso retrógrado e mal intencionado.

(*) Aposentado e agora comerciante. Morado em Santarém (PA)

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