Bellini Tavares de Lima Neto (*)
O “site” da Globo fez o favor de publicar, no dia 27 de agosto de 2010, às 13:14 horas, uma nota com o seguinte conteúdo.
“27/08/2010 13h34 - Atualizado em 27/08/2010 13h34
Andrés: 'Minha 1ª responsabilidade é não deixar a Copa ir para o Morumbi'
Presidente corintiano participa de feira com estudantes universitários e repete por várias vezes a palavra "sinceridade". Sobrou para o São Paulo
O presidente Andrés Sanches nunca escondeu que quer logo deixar o comando do Corinthians. Seu mandato termina em dezembro de 2011 e, até lá, ele seguirá exibindo sua sinceridade costumeira. Nesta sexta-feira, em uma feira de estudantes universitários realizada em São Paulo, Sanches falou sobre sua experiência no futebol e na administração de uma grande instituição. Mesmo assim, não perdeu a oportunidade de alfinetar o rival São Paulo e reafirmar o anúncio do novo estádio corintiano para o fim de setembro. Perguntado por jovens universitários sobre as responsabilidades de um presidente de clube, ele não titubeou.
- Minha primeira responsabilidade é não deixar a Copa ir para o Morumbi (risos). A segunda é fazer com que São Paulo não fique sem a abertura. A terceira é promover a alternância de poder no futebol. Corinthians e Flamengo, os dois maiores clubes do país, já são assim - disparou Andrés.
Minutos antes, porém, ele havia adotado discurso pacífico para falar da relação entre os rivais - principalmente com o São Paulo. Ressaltou que queria combater a violência entre as torcidas e promover um relacionamento mais amistoso com o Tricolor.”
Para que não pairem qualquer dúvida, quero dizer que sou e sempre fui corinthiano.
Fui freqüentador de estádios de futebol numa época em que não se era obrigado a ficar em torcidas separadas. Com o nascimento dessa era, deixei de freqüentar o que hoje já se chama, mais apropriadamente, de “arenas”. A nota publicada pela “Globo” não chegou a me surpreender, mas apenas a pensar em um aspecto.
Não tenho crítica alguma ao sujeito autor do comentário. Ele dá o que pode e, muito provavelmente, não pode mais que isso, essa indigência intelectual.
O que, a meu ver, merece, sim, críticas severas é a atitude da imprensa em publicar uma parvoíce dessa monta. Isso é conversa de botequim e não deveria, jamais, sair dos limites dele. Se um indivíduo de recursos intelectuais escassos profere uma tolice como essa sem a mínima capacidade de auferir as conseqüências que isso pode acarretar, não deveria ter próximo de si nem um microfone, nem uma câmera de televisão ou ainda um gravador que possa registrar o que disse para que, depois, ganhe o público leitor, ouvinte ou expectador.
São comentários como esse e que, diga-se, não é privilégio desse néscio, que contribuem significativamente para que, depois, os torcedores enlouquecidos saiam às ruas e organizem verdadeiras batalhas sanguinárias em nome do que devem achar ser “a honra de seus times do coração”.
Portanto, senhores da imprensa, será que não está mais do que na hora de, por livre e espontânea iniciativa de suas próprias consciências, V.Sas. simplesmente pararem de divulgar coisas como essa? Apenas para ilustrar, nas transmissões de jogos de futebol na Europa, as televisões simplesmente não focalizam cenas em que torcedores invadam o campo. É uma maneira inteligente e sensata de não estimular esse circo.
Não é uma idéia razoável?
(*) Advogado, agora avô e morador em São Bernardo do Campo (SP)
Escreve para o site O Dia Nosso De Cada Dia - http: blcon.wordpress.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário