Antenor Pereira Giovannini (*)
Não é novidade alguma que qualquer empresa séria e comprometida com o seu sucesso e de seus funcionários, ao inicio de cada exercício contábil, estabelece metas a serem atingidas. E, para atingi-las, busca aprimorar suas ações e seus recursos humanos por meio de cursos, palestras, incentivos, treinamento e reconhecimento, tudo, enfim, que permita se desenvolver um trabalho acima da expectativa e, com isso, criar condições para que as metas ambicionadas sejam conquistadas. Trata-se de algo mais do que comum, usual, corriqueiro e que não causa nenhum espanto a ninguém.
Em tese se imagina que governar um país, um estado ou um município devesse ser tal como gerenciar ou administrar uma empresa: cada segmento que compõe o poder deveria agir de maneira a fazer com que seus departamentos (Ministérios, Secretarias, Senado Federal, Câmaras dos Deputados Federais, Assembléias Legislativas, Câmaras Municipais) estabelecessem metas realistas e exeqüíveis com o propósito de alcançar os resultados mais favoráveis à empresa (no caso, o pais/estado/município) enquanto os acionistas (o povo) pudesse desenvolver suas atividades consumindo e apoiando o fornecedor de bens e serviços. Todos cresceriam e, ao final do exercício, seria levantado o balanço para prestação de contas aos donos de tudo, os acionistas. Para que isso tudo acontecesse, naturalmente e além de planos e projetos bem elaborados, seria necessário contar com recursos humanos adequadamente preparados.
Na prática, com tudo, o que se vê é que tudo, literalmente tudo, acontece ao contrário da teoria. Em nada a administração pública se parece com a administração de uma empresa privada. Além da falta de propósitos e cuidados necessários aos “acionistas”, o povo, os “funcionários diretos” são o que de pior temos.
E nessa hora entra em cena o Programa Eleitoral Gratuito a nos alimentar de informações a respeito dos candidatos às diversas vagas desde presidente, passando pelo senado, pelos governos do estado, pelos deputados federais, até chegarmos aos deputados estaduais. É um circo de horrores com todos os requintes de comicidade ou, quem sabe melhor dizendo, de crueldade para com o cenário todo. O discurso (a maioria lido) despejado às vezes em poucos segundos, dão conta da visão míope desses bufões. Todos os problemas serão resolvidos de uma maneira absolutamente fantástica, quase mirabolante. Todos, mas todos, sem exceção possuem as soluções para os problemas que afligem o país, o estado ou o município.
Não contentes, alguns candidatos, na ânsia de atingir seu objetivo “invadem” a seara alheia e não tem qualquer escrúpulo em prometer soluções de problemas da esfera federal quando sua alçada é estadual. Caradurismo puro. Alguns mais conhecidos na mídia em geral são usados pelos partidos para alavancar votos para legenda e assim se valer dos benefícios de uma legislação esdrúxula que leva o eleitor a votar em fulano mas eleger, na esteira dele, mais uma porção de gente desconhecida. É o uso indisfarçado da popularidade do candidato para que outros também sejam eleitos. Tiririca, Batoré, , Romário, Mulher Maça, Marcelinho Carioca, Gaucho da Fronteira, Sérgio Reis, Netinho ,entre outros, encontram-se nessa lista.
Trazendo para nosso mundinho, aqui de Santarém, observamos entre tantos vereadores de nossa cidade muitos candidatos a deputado estadual e até deputado federal. Ou seja, vôos mais ousados.
O triste dessa história é olhar nossa cidade e verificar que nem Código de Postura possuímos. Existem sérios problemas de infra-estrutura (água, luz, esgoto, falta de calçadas, excessos de terrenos baldios, comércios clandestinos, hospital municipal com atendimento precário, ruas em péssimo estado de conservação, agricultura em coma e por ai vai numa lista incrível).
A pergunta que se faz é simples, muito simples: se essas pessoas estiveram por quatro ou mais anos atuando na Câmara Municipal de uma cidade e não conseguiram êxito em sequer minimizar os problemas acima citados, como é que querem se aventurar a resolver problemas do estado ou da nação? Ou será que os problemas do município, do estado ou da nação jamais foram suas prioridades ou preocupações?.
Nesse ponto a gente volta lá na empresa privada. Certamente para que o funcionário alcance um patamar de crescimento profissional e almeje melhorias em sua carreira, uma série de objetivos terá que ser atingida e com isso ele mesmo se coloca na vitrine expondo sua capacidade e condições para assumir desafios maiores. Já na política qualquer pé rapado, independente do trabalho executado dentro ou fora da política, se candidata e cria a grande possibilidade de termos à frente desses cargos pessoas totalmente inábeis (independente de serem pessoas de boas intenções, porque disso o inferno está cheio) serem eleitas.
Fica sempre a pergunta : "Senhores acionistas, até quando?"
(*) Aposentado , agora comerciante e morador em Santarém (PA)
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