Gilberto Dimenstein (*)
Lula está sendo acusado de jogar eleitoralmente ao defender a iraniana ameaçada de morte. Levou uma pedrada do Ministério das Relações Exteriores do Irã de ser "mole", desinformado e intrometer-se nos assuntos do interno do país. Ongs afirmam que ele entrou tarde demais na campanha, devido sua proximidade comprometedora do governo iraniano. Na imprensa americana, foi chamado de "idiota útil". Ou seja, levou pedradas de todos os lados. Prefiro bater palmas.
Sei que Lula mudou de ideia depois da campanha, lançada pela internet, batizada de Liga Lula - uma corrente que nasceu, em São Paulo, de um punhado de jovens, com uma ideia na cabeça e um computador na mão. Sei também que ele se arrependeu de ter falado, durante entrevista coletiva, em "avacalhação", ao afirmar que não se meteria no caso, atirando indiretamente uma pedra em Dilma Roussef - e, aí, voltou atrás.
Mas o fato é que, pelo menos nesse caso, o Brasil não ficou calado diante de uma selvageria contra os direitos humanos. E se matarem mesmo a mulher iraniana, o Brasil não terá atirado nenhuma pedra.
Perante o mundo, o Brasil apareceu como uma país com um comunidade capaz de se mobilizar e fazer seu presidente mudar de posição e ficar do lado certo.
(*) Membro do Conselho Editorial da Folha de São Paulo e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário