O escândalo financeiro dos Jogos Pan-Americanos de 2007 é mais uma medalha da vergonha no pódio da gestão esportiva brasileira.
O Tribunal de Contas da União reconhece, três anos depois, que foram praticadas ilegalidades com o dinheiro público, mas,mesmo assim, absolve os gestores dando legalidade às fraudes.Assunto velho? Sem novidades? Falta de assunto para um blogueiro que retorna ao texto depois de uma “folga” de seis meses?
Nada disso. Temos desafios maiores, mas não podemos deixar no esquecimento as mazelas oficiais de ontem.
Explicações
Pedi ao Tribunal de Contas da União para ler as justificativas apresentadas pelos envolvidos nos indícios de superfaturamentos, pagamentos de obras não realizadas, pagamento de contas em dobro, de material não recebido etc.
Resposta do TCU: “Não é possível ter acesso aos autos do processo”.
Aguardo respostas sobre o mesmo assunto do Ministério do Esporte e Comitê Organizador do Pan-2007.
Inocente
Vamos,então, ao que é público, os relatórios dos auditores e votos dos relatores.
Recentemente, o ministro Walton Rodrigues inocentou de culpa os envolvidos em um dos mais escandalosos processos do Pan.
Trata-se do contrato entre o Ministério do Esporte com a empresa Atos OriginServiços de Tecnologia da Informação Ltda. O superfaturamento foi de R$ 112 milhões.
Resumidamente, o argumento do ministro Walton para mandar arquivar o processo é o seguinte:
“O Pan foi um evento complexo, não havia experiência anteior que pudesse orientar os gestores quanto às múltiplas e concorrentes demandas desse tipo de empreendimento”.
Ou seja, gestores incompetentes rasgam as leis das licitações e são premiados com a impunidade.
Puxão de orelhas
Vez por outra, o TCU dá um puxão de orelhas nos aprendizes da gestão pública – muitos pendurados em cabides políticos.
Mas é apenas um ato protocolar, para exibir um pouco de, digamos “rigidez” do Tribunal.
Aí vai um exemplo que tirei do relatório do ex-ministro Marcos Vilaça, sobre o tema “Governo e Organização dos Jogos”.
“Neste ponto sou categórico. O Ministério do Esporte a quem cumpria o papel de principal ator governamental da gestão dos Jogos, foi o maior responsável pelo planejamento precário que permeou o evento. O Estado, o Município e o Co-Rio também são responsáveis (grifos meus).
Em resumo: sem experiência, os tais gestores meteram os pés pelas mãos e a gastança foi para o espaço.
O TCU reconhece isso, mas absolve os envolvidos e manda arquivar os processos.
Que bela notícia para os “responsáveis” que tem a Copa do Mundo e as Olimpíadas pela frente...
O ministro do Esporte, Orlando Silva, e o ex-presidente do Co-Rio, Carlos Arthur Nuzman, responsáveis maiores pelo Pan 2007, devem explicações sobre o uso do dinheiro público que administraram.
Silenciar é reduzir a credibilidade de seus futuros atos em eventos maiores, como as Olimpíadas 2016.
(*) Jornalista e cobre há mais de 20 anos os bastidores da política e economia do esporte.
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