sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A torcida do Palmeiras e o rebaixamento

O Palmeiras não tem o direito de ser rebaixado outra vez para a Segunda Divisão. Sua torcida não merece. O que ela fez ontem no Pacaembu foi emocionante. A vitória foi dos 30 mil torcedores contra o Sport… 
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Cosme Rímoli (*) 

Não foi com o cérebro. 
Nem com o coração. 
Muito menos com as chuteiras. 
O Palmeiras venceu o Sport empurrado pelo sopro da torcida. 

Foi emocionante o que os mais de 30 mil torcedores fizeram no Pacaembu. 
Sabem que torcem por uma equipe limitada. 
Que contou com a conjuntura dos astros para ganhar a Copa do Brasil. 
Enfrentou times fracos até decidir de verdade contra Grêmio e Coritiba. 

Felipão conseguiu organizar mais do que um time, um batalhão. 
E na guerrilha, o clube venceu o torneio e a classificação para a Libertadores. 
Ninguém reparou que o Palmeiras havia abandonado o Brasileiro. 
A avaliação foi feita na empolgação do aposentado Marcos. 

Bastaria voltar a jogar a sério e se recuperaria de olhos fechados. 
Prepotência inacreditável. 
O time é dos mais fracos para um torneio longo disputado por pontos corridos. 
Não está na zona do rebaixamento por acaso. 

Envolvido em uma profunda briga política que trava o clube, a saída foi apelar. 
Além de contratar jogador aposentado, como Leandro. 
Tirone se lembrou da torcida. 

Cortou pela metade o preço dos ingressos. 
E implorou para que ela fosse ao Pacaembu ontem. 
Os palmeirenses foram. 
E deram um show. 
Uma lição de amor ao clube. 



Por uma noite a torcida palmeirense se esqueceu que é a mais passional do País. 
Tratou seus jogadores ruins como craques. 
A energia transmitida das arquibancadas do Pacaembu foi fundamental. 
Já que tecnicamente o duelo foi de igual para igual com o Sport. 

Dois times tão ruins que o vencedor sabia que continuaria na zona do rebaixamento. 
A partida valeu pela garra, pela luta, não por lances encantadores. 
Depois de um primeiro tempo horrível, o 0 a 0. 
A se lamentar pelo lado palmeirense a bola na trave de Obina. 

Para o segundo tempo, Felipão fez uma alteração inteligente. 
Tirou João Vitor. 
Colocou Artur e passou Correa para o meio. 
A intenção era aproveitar o chute forte de fora da área. 

Waldemar Lemos colocou seu time com três zagueiros fixos. 
Ele sabia que, pobre de imaginação, o Palmeiras forçaria os cruzamentos para a área. 
Mas não contava com a astúcia de Luiz Felipe. 
Se há uma coisa que Correa faz bem na vida é chutar ao gol. 

E ele chutou. 
A falha de Magrão, até então melhor jogador do Sport, foi uma traição. 
Gol do Palmeiras. 
Comemorado como válido pela Copa do Mundo. 

Um pouco da agonia havia ido embora. 
Só que sem emoção, não tem graça. 
Rivaldo, jogador desprezado por Felipão, se vingou. 
Acertou um chute maravilhoso que acertou o travessão e caiu dentro do gol de Bruno. 

Mas os 30 mil palmeirenses disfarçaram o banho de água fria e continuaram a gritar o nome do time. 
Foi a melhor coisa. 
Acordaram o craque que vive escondido e se manifesta uma vez por ano em Luan. 
Ele deu um passe sensacional para o garoto Tiago Real fazer 2 a 1. 

A torcida quase invade o gramado de tanta felicidade. 
O segundo gol fez com que os pernambucanos desistissem do jogo. Incrível a falta de marcação no segundo tempo. 
E coube a Obina marcar o terceiro gol palmeirense. 
A comemoração da vitória foi para resgatar o amor próprio. 

O Palmeiras tomou um banho de autoestima no Pacaembu. 
Tecnicamente, o time continua fraco. 
Mas ganhou confiança. 
Ninguém mais terá de fugir do embarque para Belo Horizonte. 
Para não enfrentar o Atlético Mineiro. 

O Palmeiras redescobriu ontem porque seus jogadores precisam se desdobrar em campo. Há uma torcida enorme, apaixonada pelo clube. 
E que está desesperada. 
Não quer viver de novo o purgatório da Segunda Divisão. 

Que os jogadores reflitam em tudo o que aconteceu na noite passada. 
E esqueçam da falta de talento. 
Deixem a alma em campo para que o Palmeiras não seja rebaixado. 
Sua torcida não merece... 

(*) Jornalista esportivo . Ganhou o premio ACEESP por seis vezes como melhor repórter esportivo entre jornais e revistas de São Paulo. Trabalhou 22 anos no Jornal da Tarde. Seu blog na UOL comerçou em 2009.

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