sábado, 22 de setembro de 2012

O abismo já bem próximo do Palmeiras ...

De vexame em vexame, o Palmeiras faz tudo para repetir queda para a segunda divisão em 2002. Quando tinha time e treinador muito melhores. Tirone repete Mustafá. Deixa o time sozinho e assiste ao circo pegar fogo de longe, com medo da própria torcida… 

Cosme Rímoli (*) 

"O elenco que nós temos é muito bom. 
R7_COSMERESPONDE_2305_548kbps_2010-05-230.3355496716685593.jpg (444×250)Melhor do que vários times que lutam para não serem rebaixados. 
É só ter tranquilidade, fé, força. 
Acreditar que o Palmeiras não será rebaixado. 
Porque não será." 

As palavras foram de Levir Culpi, técnico do Palmeiras em 2002. 
De nada adiantaram porque o clube caiu para a segunda divisão. 
Dez anos depois, como por encanto, ou desencanto, Gilson Kleina as repete. 
E as tristes coincidências não param por aí. 

Como a postura do presidente Arnaldo Tirone. 
Ele que luta tanto para tentar se reeleger, abandonou o time. 
Resolveu não ir para Florianópolis com a delegação para o jogo de hoje. 
Exatamente como fazia Mustafá Contursi nas últimas partidas de 2002. 

Quando mais o clube precisa da pessoa que, teoricamente seria seu líder, ele some. 
Até a versão para a ausência é a mesma: precisa ficar trabalhando politicamente. 
Assim como é idêntica a postura da oposição. 
A de que Tirone não quer correr risco de ser agredido por torcedores das organizadas. 

Na derrota para o Corinthians, vândalos tentaram chegar a ele no camarote do Pacaembu. E o buscaram no restaurante do vice Roberto Frizzo, que foi depredado. 
Por sorte não o encontraram. 
Os jogadores foram arrastados para Itu. 

Com treino fechado para a imprensa, como em 2002. 
Como se os jornalistas fossem culpados do péssimo time que representa o Palmeiras. 
O ridículo da situação agora é maior. 
Com o assessor de imprensa 'entrevistado' Bruno. 

Ele foi o único jogador a ter coragem de falar antes da partida contra o Figueirense. 
E mesmo assim, com essa 'entrevista' o goleiro conseguiu decepcionar. 
Não os torcedores. 
Mas o preparador de goleiros campeão da Copa do Mundo, Carlos Pracidelli. 



Assim como Felipão e Murtosa, ele foi demitido pelo Palmeiras. 
Pracidelli foi quem deu todo o apoio a Bruno como titular do time. 
Mesmo com inúmeras queixas sobre a sua lentidão e insegurança. 
Bruno foi infeliz e disse claramente que "a vida é assim mesmo". 

Pracidelli soube da entrevista. 
Não há como compará-la, por exemplo, com a de Marcos. 
Ele quase chorou quando 'Carlão' acompanhou Felipão e foi para Portugal. 
O atual momento do Palmeiras repete dez anos atrás na essência. 

É cada um por si. 
Todos fugindo da imprensa e dos torcedores. 
E dando vexame. 
Como no desembarque em Florianópolis. 

O time que envergonha os torcedores treinou de manhã. 
Mas a diretoria ordenou que a viagem fosse tarde da noite. 
Para desestimular protestos dos torcedores. 
O medo de agressões é uma constante. 

A segurança foi reforçada. 
A Polícia Militar de Santa Catarina foi avisada. 
E os jogadores chegaram por lá perto da meia-noite. 
Um ônibus os foi apanhar em plena pista do aeroporto. 

E os levou para o hotel. 
Felizes, aliviados, os atletas foram descansar. 
Mas não sabiam que outra vez tinham sido motivo de chacota. 
Não havia torcedor algum esperando pelo Palmeiras. 

Todos fugiram da sombra. 
Gilson Kleina, como Levir Culpi em 2002, não pode fazer nada. 
Não tem voz ativa nestas bobagens cometidas pelos dirigentes. 
Em mais essa demonstração de falta de coragem. 

Não é por acaso que Gilson Kleina foi contratado. 
A direção escolheu um treinador especialista em times pequenos. 
Com um elenco fraco, só há uma saída para tentar fugir da Série B. 
"Jogar fechado na nossa defesa. E esperar o erro do adversário." 

Essa será a filosofia do time nos próximos 13 jogos que restam no Brasileiro. 
Quem a define é Marcos Assunção, o jogador com maior personalidade do grupo. 
Ele mostra o quanto o Palmeiras está fora do rumou. 
Deixou de se ver como equipe grande, capaz de se impor contra quem for. 

Isso ficou no passado. 
Agora é rezar para não ser rebaixado. 
Marcos, Arce, César, Zinho, Paulo Assunção, Fabiano Eller... Rubens Cardoso, Itamar, Nenê, Dodô, Muñoz, Juninho. 
Esses jogadores formavam o time há dez anos. 

Eram muito melhores do que o elenco atual. 
O técnico era Levir Culpi. 
E não resistiram à mentalidade covarde, assumida pela diretoria palmeirense. 
Mustafá Contursi, como Tirone, viu tudo ruir de longe. 

Só faltou ficar tocando uma harpa. 
Palmeiras de 2012 segue pelo mesmo caminho. 
Parece não ter aprendido nada com o passado. 
Pelo contrário, até. 

Conseguiu montar uma equipe muito pior. 
Com dirigentes mais amedrontados ainda. 
O time é penúltimo do Brasileiro com 20 pontos em 25 jogos. 
É o saco de pancadas, o time que mais perdeu: 15 vezes. 

Matemáticos apontam que, para se salvar, são necessários 25 pontos. 
Ou seja, mais do que conseguiu com quase o dobro de partidas. 
Mas o caminho da salvação não começa nos pontos, nas vitórias. 
Tem início na coragem dos homens que deveriam comandar o clube. 

Os jogadores e a Comissão Técnica precisam saber que têm um líder. 
E é disso que o Palmeiras se ressente. Arnaldo Tirone repete Mustafá. 
Não vai para o local da batalha, onde deveria estar. 
Prefere controlar seus teleguiados por telefone. 

E assistir ao jogo contra o Figueirense pela televisão. 
Muito mais seguro. 
Pouco importa que ele é o grande responsável por tudo que acontece. 

Assim, o Palmeiras está fazendo tudo para repetir a história. 
E mergulhar de cabeça na segunda divisão do Brasileiro. 
Tirone e Mustafá nunca foram tão iguais...

(*) Jornalista e que por 22 anos atuou no Jornal da Tarde/SP. Comentarista esportivo da Rede Record

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