COB, mensalão e a credibilidade do esporte brasileiro
José Cruz
É possível que o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, se manifeste nesta segunda-feira sobre o escândalo do Comitê Organizador Jogos Rio 2016.
Em caso positivo, estará 96 horas atrasado, desde que a notícia se tornou pública, na quinta-feira, pelo blog de Juca Kfouri.
Episódio de repercussão internacional, envolvendo nosso principal representante olímpico, a reação do governo deveria ser imediata questionando o COB? “Qual a explicação para esse vexame”?
Reações
Conversando com uma autoridade do governo federal, soube que a presidente Dilma está “de saco cheio” e com “um pé atrás” com o presidente do COB e do Comitê Rio 2016, Carlos Nuzman.
É possível, sim.
Quando lançou o programa Medalhas Rio 2016, Carlos Nuzman chegou sozinho ao Palácio do Planalto, pegou o elevador e foi para o segundo andar, local da solenidade. E lá permaneceu com atletas e convidados, até cinco minutos antes de a presidente chegar ao ambiente festivo. Só então Nuzman foi chamado ao gabinete e Dilma, de onde desceu também acompanhado pelo ministro Aldo Rebelo.
Nos tempos de Lula, Nuzman entrava pela garagem do Palácio do Planalto, geralmente com o então ministro Orlando Silva, indo direto para o gabinete presidencial. As relações são outras.
Mais dois episódios ajudam a entender a insatisfação de Dilma: Nuzman, há 17 anos presidindo o COB, também assumiu o Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016.
Nessa condição, desapareceu de duas solenidades, inclusive com a presença de representantes do governo brasileiro, como uma coletiva para a imprensa estrangeira, sobre os preparativos do Rio de Janeiro para 2016. Mas ele não é o presidente do Comitê Organizador dos Jogos? E não compareceu à coletiva?
É possível que naquela ocasião Nuzman já estivesse abalado pelo puxão de orelhas que recebeu de Sebastian Coe, presidente do Comitê Organizador dos Jogos de Londres, sobre a surrupiada de documentos dos arquivos olímpicos.
Esporte e política
Enfim, a rodada de futebol deste fim de semana pode ajudar a esfriar o assunto, mas a demissão de 10 funcionários não esclarece o episódio em toda sua abrangência.
Certo é que repetem-se no esporte olímpico as dúvidas do Mensalão, em julgamento no Supremo Tribunal Federal: afinal, o chefe sabia que estavam copiando documentos de computadores alheios?
Assim como Lula. que jura não saber nada sobre o mensalão, articulado por assessores de seu partido, é possível que Nuzman também não soubesse que seus funcionários estavam agindo fora da ética e abusando do “espírito olímpico” … Mas quem garante isso?
Resultado: a credibilidade da gestão esportiva brasileira está internacionalmente abalada e comprometida.
(*) Jornalista e que cobre as áreas de política, economia e legislação do esporte. Participou da cobertura de eventos esportivos internacionais nos últimos 20 anos..
José Cruz
É possível que o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, se manifeste nesta segunda-feira sobre o escândalo do Comitê Organizador Jogos Rio 2016.
Em caso positivo, estará 96 horas atrasado, desde que a notícia se tornou pública, na quinta-feira, pelo blog de Juca Kfouri.
Episódio de repercussão internacional, envolvendo nosso principal representante olímpico, a reação do governo deveria ser imediata questionando o COB? “Qual a explicação para esse vexame”?
Reações
Conversando com uma autoridade do governo federal, soube que a presidente Dilma está “de saco cheio” e com “um pé atrás” com o presidente do COB e do Comitê Rio 2016, Carlos Nuzman.
É possível, sim.
Quando lançou o programa Medalhas Rio 2016, Carlos Nuzman chegou sozinho ao Palácio do Planalto, pegou o elevador e foi para o segundo andar, local da solenidade. E lá permaneceu com atletas e convidados, até cinco minutos antes de a presidente chegar ao ambiente festivo. Só então Nuzman foi chamado ao gabinete e Dilma, de onde desceu também acompanhado pelo ministro Aldo Rebelo.
Nos tempos de Lula, Nuzman entrava pela garagem do Palácio do Planalto, geralmente com o então ministro Orlando Silva, indo direto para o gabinete presidencial. As relações são outras.
Mais dois episódios ajudam a entender a insatisfação de Dilma: Nuzman, há 17 anos presidindo o COB, também assumiu o Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016.
Nessa condição, desapareceu de duas solenidades, inclusive com a presença de representantes do governo brasileiro, como uma coletiva para a imprensa estrangeira, sobre os preparativos do Rio de Janeiro para 2016. Mas ele não é o presidente do Comitê Organizador dos Jogos? E não compareceu à coletiva?
É possível que naquela ocasião Nuzman já estivesse abalado pelo puxão de orelhas que recebeu de Sebastian Coe, presidente do Comitê Organizador dos Jogos de Londres, sobre a surrupiada de documentos dos arquivos olímpicos.
Esporte e política
Enfim, a rodada de futebol deste fim de semana pode ajudar a esfriar o assunto, mas a demissão de 10 funcionários não esclarece o episódio em toda sua abrangência.
Certo é que repetem-se no esporte olímpico as dúvidas do Mensalão, em julgamento no Supremo Tribunal Federal: afinal, o chefe sabia que estavam copiando documentos de computadores alheios?
Assim como Lula. que jura não saber nada sobre o mensalão, articulado por assessores de seu partido, é possível que Nuzman também não soubesse que seus funcionários estavam agindo fora da ética e abusando do “espírito olímpico” … Mas quem garante isso?
Resultado: a credibilidade da gestão esportiva brasileira está internacionalmente abalada e comprometida.
(*) Jornalista e que cobre as áreas de política, economia e legislação do esporte. Participou da cobertura de eventos esportivos internacionais nos últimos 20 anos..
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