quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Falta de mão de obra qualificada

Falta de mão de obra é principal desafio para mecanização das lavouras 

Globo Rural 

0,,69216040,00.jpg (650×400)O Brasil já possui maquinário para mecanizar a produção agrícola, mas carece de mão de obra capaz de operar os equipamentos e sofre para transportar os produtos do interior até os portos. Esta foi a conclusão da sessão “Logística, Mecanização e Otimização”, que aconteceu nesta quarta-feira (26/9) durante o Global Agribusiness Forum. O evento reuniu representantes da cadeia produtiva do agronegócio, representantes do governo e especialistas do setor. 

Em sua fala, o australiano John Pearce, especialista mundial na área de mecanização, falou sobre a presença cada vez maior das máquinas na produção de cana. “Na safra 1993/1994, apenas 4% das colheitas de cana eram mecanizadas. Hoje, esse número chega a 71%”, afirmou. O problema, para ele, é a falta de pessoas capacitadas para operar as máquinas. “A tecnologia existe. O que falta são pessoas treinadas para transferir a tecnologia para o campo”. 

Pearce também falou sobre a importância de outros fatores, como as condições climáticas, sistemas de irrigação e drenagem, uso de produtos que aumentem a qualidade do solo. “Não há máquinas que corrijam deficiências nessas áreas. Milagres não acontecem”, disse.  

Para Luciano Luft, da Luft Agro, empresa que presta serviços de corte, carregamento e transporte de cana, a nova legislação trabalhista – que prevê meia hora de descanso a cada quatro horas na condução de caminhões - pode ser o momento em que toda a infraestrutura e processos logísticos no país devem ser discutidos. “Temos uma frota de caminhões cuja idade média é de 18 anos e a nova lei trará prejuízos. Por outro lado, tais fatos nos motivam a reescrever a logística no Brasil, entender o que o setor precisa e pensar em outras alternativas, como ferrovias e hidrovias”, afirma. 

“A terceirização é uma boa opção para produtores que não têm uma cultura agrícola, que administram seu negócio de uma cidade distante, por exemplo”, declara. 

Café 
Apesar de ser o maior produtor nacional de café, o Estado de Minas Gerais tem cerca de 30% das lavouras do grão mecanizadas – índice inferior ao de outras regiões. Segundo Carlos Alberto Paulino da Costa, presidente da Cooperativa de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), no Cerrado, por exemplo, metade dos produtores de café já mecanizou alguns processos. 

Ao invés de “culpar” a mecanização das lavouras pela redução do número de habitantes na zona rural na última década, Costa defendeu o processo de trabalho com as máquinas uma alternativa para impedir o êxodo rural. “O aumento da produção trazido pelo uso de máquinas pode segurar o produtor no campo”, afirmou. 

Costa aproveitou para falar sobre a entrada do café brasileiro na China. Para ele, a tradição de consumo de chá deve ser substituída com a “ocidentalização” dos jovens, aumentando o consumo do café no país a médio e longo prazo. “O mais difícil é fazer o chinês beber café porque eles têm uma tradição de quatro mil anos tomando chá. Quando o Brasil começou a fornecer café ao Japão, há 40 anos, eles também não tinham hábito e hoje consomem oito milhões de sacas ao ano”, destacou.

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