sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Mãe, eu?

Rose Göbel (*)

Eu achava que não saberia lidar com todas as situações novas da maternidade. O pai da minha filha disse que estaria do meu lado, mas, na prática, eu estava sozinha esperando um bebê. Como eu iria criar um filho sozinha? Como eu iria protegê-lo? Eu seria a única responsável pela vida de um serzinho? Eu não estava preparada nem para as alterações emocionais e físicas da gestação. O aumento da minha barriga, dos seios e do quadril eram uma agressão emocional para mim. Eu só queria ser eu mesma novamente. Eu queria sentar num boteco, beber, fumar, jogar conversa fora e rir à toa, sem nenhuma preocupação. 
Para mim, quem tinha tirado a sorte grande era ele que não acordava e dormia todos os dias com uma barriga cada vez maior.

Eu tive pesadelo todas as noites um mês antes da minha filha nascer. Eu sonhava que morria durante o parto. Eu estava com pavor de sentir dor e, definitivamente, não me sentia emocionalmente pronta para receber um bebê com amor.

A Julia nasceu de parto normal no dia 22 de fevereiro de 2011, às 13h54, pisciana. O parto foi calmo, tranquilo e as dores das contrações suportáveis. Mesmo tão pequenininha e nova nesse mundo imperfeito e cheio de problemas, a sensação é que ela sabia de toda a minha dor e não queria que eu sofresse mais. Ela chegou serena, forte e cheia de personalidade. Parece ser uma pessoinha bem decidida com a vida. Foi ali, na sala de parto, olhando nos olhinhos dela pela primeira vez que eu comecei a entender o que era a maternidade: ela era um milagre de Deus e eu a pessoa mais abençoada do mundo.

Eu descobri o amor materno na convivência diária com a minha filha. Descobri a delícia que é ser mãe no primeiro sorriso dela para mim, namorando cada detalhe do seu corpinho, vendo a alegria dela ao me ver chegar em casa, em reconhecer o meu colo e só se acalmar com o calor do meu corpo. Foram muitas noites de sono perdidas com ela grudada no meu peito. Era o aconchego do meu seio que a acalmava, alimentava e onde ela adormecia como um doce anjinho. Para mim, o amor de mãe e filha é um sentimento que aflorou aos poucos. Tudo era novidade para ela também. Nós aprendemos juntas, no dia a dia, a cuidar e amar uma a outra.

É verdade que antes de ser mãe eu não tinha muitas preocupações, dormia a noite toda e a responsabilidade como mulher e profissional era muito menor. Mas eu nunca tinha experimentado a conexão enorme e pura que se pode ter com um filho. É um amor tão grande que chega a doer. Eu não imaginava que amaria o cheirinho do meu bebê e a enorme emoção em ver a sua primeira gargalhada, a felicidade em conseguir ficar sentado pela primeira vez, engatinhar e tentar dar os primeiros passos. Qualquer cicatriz ou quilinhos a mais ganhos durante a gestação serão insignificantes perto do prazer que é ser mãe.

Pela minha filha, eu faria tudo de novo. As dores físicas e emocionais da gravidez se curam. O que fica é um amor incondicional pelo seu bebê. A mulher descobre uma força e uma vontade de viver que jamais pensou ter. Ser mãe é uma experiência única da qual você jamais se arrependerá. Eu tenho certeza absoluta que quem tirou a sorte grande fui eu. Ninguém tem amor maior do que este: mãe e filho. A maternidade possui uma beleza comovente. Inexplicável a delícia que é tê-la ao meu lado todos os dias.

Uma amiga sempre dizia: “Rosita, 100% das vezes as coisas dão certo, de uma forma ou de outra, mas sempre dão”. Realmente, no fim, tudo dá certo. Acreditem nisso!

(*) Jornalista e mãe solteira da Julia. Quer dividir a sua história com mulheres que engravidam de uma relação não estável e questionam se realmente a desejam.

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