quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Complexo "vira-lata" que beira o anti-nacionalismo

Jornal do Waack: complexo "vira-lata" que beira o anti-nacionalismo


Jota Ninos (*)


Quantas vezes você já ouviu a famosa frase "o Brasil não é um país sério!", atribuída a um político francês sobre nosso país? E quantas vezes concordou com isso? Fim-de-ano é sempre um bom momento para se por a mão na consciência sobre nossa capacidade de aceitar o chamado "complexo de vira-lata".


Não que nosso país seja a oitava maravilha do mundo! Problemas existem em toda parte, frutos de um processo de colonização desde o descobrimento, e que ainda continua presente por aí. Ainda há muito o que se fazer, mas nossa frágil democracia de um pouco mais de 500 anos começa a reagir, ainda que timidamente.


Mesmo neste imenso Pará, que Belém quis que continuasse assim, "grande" e obsoleto, sente-se que houve uma certa melhoria no padrão de vida das pessoas, fruto da política nacional da economia. Quem andou nas ruas de qualquer cidade paraense, durante o Natal, pôde perceber isto.


E antes que me acusem de estar defendendo a atual política econômica do governo acho que há muitos acertos sim, como há muitos erros. Assim como há uma colaboração de vários governos anteriores para que chegássemos nesse patamar. A diferença talvez esteja em quem errou menos e quem optou em distribuir mais a renda e privilegiar o consumo interno. Mas a mente obtusa do stablishment nacional, de cabeças iluminadas das Vejas, Folhas e Globos deste país, não querem que tenhamos qualquer orgulho disso. Principalmente por conta do antilulismo que tomou conta destas redações. Não que Lula seja um deus. Muito longe disso, mas sem dúvida foi, no mínimo, menos pior que outros presidentes e garantiu a sucessão que parece seguir seus passos.


A mídia nacional colabora em massacrar nossa alto-estima, sempre tentando dizer que "lá fora é melhor, e, que nunca chegaremos lá". Seja nos grandes jornais e revistas, mas principalmente na mídia televisiva, com seus telejornais cada vez menos informativos. Mas nenhum telejornal colabora mais que o Jornal da Globo, do sorumbático William Waack, com suas vampirescas olheiras a nos assustar todas as noites. Acho que sou meio masoquista, pois todas as noites fico aguardando as pauladas do Jornal do Waack (JW), na minha pobre auto-estima.



Não é à toa que recentemente o site Wikileaks disse que Waack seria um "jornalista-espião" a serviço dos interesses norte-americanos de continuar controlando o que se passa nos bastidores da política brasileira. Por mais exagerada que seja a informação, apesar de se basear em documentos secretos vazados da diplomacia americana, não é difícil acreditar que o editor do JW tenha em mente essa postura anti-nacionalista. Ainda melhor quando acompanhado dos lindos comentários econômicos do Carlos Sardemberg, que vive torcendo para que os índices econômicos do Brasil sejam os piores possíveis.


Quando o jornal começa, a gente fica esperando o pior. As olheiras do Waak podem antecipar uma catástrofe. Mesmo quando todos os jornais internacionais indicam que o Brasil vai passar a ser a 6ª potência mundial, ultrapassando a Grã-Bretanha (isso dito pelos próprios ingleses), vem o Jornal do Waack (sem as olheiras do próprio que devia estar de folga), na noite desta segunda-feira, 26, e já começa nos jogando uma dúvida cruel no peito, indicando onde o JW quer nos levar: "Tamanho nem sempre é documento (...) o Brasil ainda precisa comer muita poeira", nos diz uma sorridente Cristiane Pelajo, antes da matéria a ser apresentada, já nos colocando no nosso lugar de país sem-jeito.


Logo no início do texto do correspondente em Londres, Marcos Losekann, mais uma dúvida atroz (como se não soubéssemos a resposta): "A Grã-Bretanha está mais pobre ou o Brasil mais rico?". Losekann nos brinda com pérolas do tipo: "o caminho do Brasil rumo ao seleto grupo de economias de destaque, segundo os analistas, foi a desgraça alheia", ou seja, não fomos nós que crescemos, eles é que encolheram!!!! Pobre Brasil que não serve pra nada! O jornalismo é pueril na sua ânsia de não dar o braço a torcer de que a o Brasil conseguiu se impor no mercado internacional. Isso seria admitir que Lula "é o cara", como disse o próprio Obama.


E conclui, ainda, o jornalista, citando "analistas" britânicos: "Não foi o Brasil que alcançou a Grã-Bretanha, foi a Grã-Bretanha que passou o Brasil. Para baixo, no mau sentido". Soberbo! Toma-te Brasil de merda! Teu destino é estar no lixo!


Para que não pareça que estou fazendo minha própria interpretação, com a técnica da desconstrução do texto que se aprende nos cursos de Jornalismo, tentem assistir à matéria (no link: http://goo.gl/n15ag) e façam a leitura das entrelinhas para entender como, subliminarmente, o JW tece nosso "complexo de vira-latas", inclusive com depoimento de ministro e analistas brasileiros, indicando que estamos longe de sermos uma Grã-Bretanha!! Nossa! como não me dei conta disso? E o JW dá um show ao costurar um texto maniqueísta para que cheguemos à conclusão: o Brasil não tem jeito, o melhor é sermos um país subdesenvolvido, afinal já fomos condicionado há anos com a máxima de que "o Brasil não é um país sério!"


TAPAJÓS, SEMPRE!


(*) Jornalista grego-santareno

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