sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Entendendo o Barcelona (2)

Recebemos do nosso leitor que sempre assina Papai Noel o seguinte comentário a respeito da postagem "Entendendo o Barcelona "

Agradecemos a constante audiência e desejamos ao Papai Noel um ótimo Natal e que em 2012 continue a nos prestigiar acreditando que alguma coisa mude em nosso País.

Papai Noel disse...
Caro Antenor
O assunto em pauta é o desempenho do Santos diante do Barcelona e os desdobramentos relativos ao chamado futebol brasileiro, vou lhes dizer o que, para mim, ficou claro.

Aquilo não foi mais que mais uma demonstração contundente da diferença entre o primeiro e o terceiro mundo. Lá pelos idos dos tempos quando Didi buscando a bola no fundo das redes, caminhando mansamente até o meio do campo e dizendo: “vamos encher estes gringos de gol”, os europeus eram chamados pejorativamente de “cinturas-duras”. Os brasileiros, cheios de ginga, de malandragem, de malicia, colocavam os gringos na roda e se fartavam de ridicularizá-los. Eles não tinham qualquer aptidão para o esporte, nenhuma habilidade individual. E o Brasil reinou soberanamente de 1958 até 1970. Depois disso, esses tais gringos resolveram que era tempo de encontrarem meios e recursos que os colocassem em condição de disputa com os mágicos da bola. Então veio a Holanda de 1974 que repetiu a dose em 1978 e só não foi bem sucedida nas duas vezes porque, em uma encontrou a alta qualidade dos alemães e na outra, a sujeira política dos argentinos. Ai chegou 1982, quando o Brasil parecia recuperar o vigor e a oxigenação. Mas foi mais ou menos como a visita da saúde. Então veio 1990 e sua mais grotesca lembrança. 1994 foi a ode à burocracia. 1998 foi a repetição de 1950 mas com direito a um baile ao som da harmônica francesa. Já eram os europeus mostrando que já fazia tempo que tinham deixado de ser o bando de “gringos cintura-dura”. E o Brasil permaneceu deitado em berço esplêndido, tal como vinha fazendo desde 1974 quando simples e arrogantemente ignorou o fenômeno holandês e depois levou um sonoro 2 a 0 sem apelação. Um cochilo dos europeus permitiu que o Brasil se lambuzasse em 2002 mas já em 2006 tudo voltou ao normal. E agora, com o Barcelona,mais uma vez a Europa se curva diante do Brasil. Para agradecer as palmas.

O Brasil, em matéria de futebol, se prevaleceu de um talento espontâneo que, no entanto, logo foi igualado e superado por aqueles que plantam, cultivam e colhem. A diferença é que a colheita do que é plantado tem um prazo de aproveitamento muito maior que o que é nativo.

No Brasil, melhor denominado Bananalia, tudo funciona assim. Aproveita-se do que a natureza dá. E ela dá muito. Mas, quando se começa a depender do que o homem pode ou deve produzir, tudo vai por água abaixo porque, se de um lado, a natureza é pródiga, de outro, os habitantes são inertes, indolentes. Isto aqui já foi a terra do látex, da cana-de-açucar, do café, da laranja, da soja. Aos poucos vai perdendo posições para os outros que, longe de se esparramarem pela rede e aproveitarem o que a natureza dá, preferem construir ou produzir com as própria mãos e capacidade. E colhem, colhem, colhem. Agora, o que Bananalia anda exportando e para lugares parecidos consigo mesmo, é esse vírus incontrolável chamado “Bolsa-Familia”. Nada mais adequado e ajustado à natureza dos que por aqui habitam e lagarteiam: um dinheirinho mirrado em troca de nada, com a perspectiva da eternidade. Isso é que é viver!

Meu caro, a decadência do tal futebol brasileiro é um fenômeno rigorosamente coerente com a essência desta terra cada dia mais insignificante. Em compensação, mantemos em alta a epidemia de dengue, doença decorrente da sujeira e da ignorância. E vamos galgando postos de distinção no consumo de “crack”. Sem falar no crescimento glorioso da corrupção que assombra o mundo. E queriam que o Santos ganhasse do Barcelona? Ora, ora, ora...

Papai Noel

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