Paulo Vinícius Coelho (*) para O Estado de S.Paulo
Uma das primeiras missões de Andrés Sanchez como diretor de seleções da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) será viabilizar um projeto da comissão técnica para 2012.
Mano Menezes cuida da criação de um seminário envolvendo todos os setores do futebol brasileiro.
Pensava nisso bem antes da goleada do Barcelona sobre o Santos.
O congresso deve ser formatado pela Escola Brasileira de Futebol, projeto antigo, dos tempos de Carlos Alberto Parreira.
A escola hoje dá cursos para formação de treinadores, mas nunca serviu para discutir e aprofundar o futebol brasileiro.
A vitória por 4 a 0 do Barcelona sobre o Santos não é um sinal da decadência do Brasil, mas da supremacia do Barça.
Oito dias antes de massacrar o Santos, o Barcelona fez 3 a 1 no Real Madrid, no Santiago Bernabéu. Só não marcou o quarto gol, porque não quis arrumar briga.
Ainda assim, Mano Menezes tem razão ao afirmar: "A derrota é uma oportunidade de discutirmos os nossos problemas."
A ideia é anunciar o seminário até março, para refletir sobre o que se está fazendo de errado no Brasil. Quem trabalha na formação de jogadores sabe o que é.
Nas divisões de base, hoje se formam bons times, mais do que bons jogadores. Trabalham-se mais as questões táticas do que os aspectos técnicos.
Isso tem a ver com a sobrevivência dos técnicos em seus empregos.
Mas cuidado com os chavões. Desde domingo, repete-se que o Brasil não exporta bons jogadores, que não há brasileiros de destaque na Europa.
Se isso é verdade, é por uma mistura da falta de craques aqui e da falta de dinheiro por lá.
O jogador brasileiro pode ter ficado pior, mas também ficou mais caro. Neymar e Lucas rejeitaram propostas de clubes europeus em 2011. Confirmam essa tese.
Digamos, então, que faltam atacantes brasileiros na Europa. Thiago Silva, do Milan, Luiz Gustavo, do Bayern, Lucas Leiva, do Liverpool, são exemplos de bons defensores.
Outro chavão. O Barcelona tem um modelo e o Brasil não tem. Mas será que é bom ter um modelo único para um país deste tamanho? Fazer os baianos jogarem como os gaúchos e os cariocas como os mineiros?
O futebol brasileiro vive entre o oba-oba e o complexo de vira-lata. Ou jogamos o melhor futebol do mundo ou o pior.
Mas, nos!
Na derrota do Santos, o Brasil reconheceu apenas o seu passado.
O time do Barcelona é mais do que isso: é o futuro. Depois de massacrar o Real Madrid, Guardiola foi questionado se nas próximas décadas o futebol só será jogado como hoje faz o Barça em massacres sucessivos contra Arsenal, Bayern, Real Madrid... Santos!
Para chegar ao futuro e não confundi-lo com o passado é que o futebol brasileiro precisa mesmo de um grande seminário.
(*) Jornalista especializado em Esportes
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