Morre, aos 69 anos, Kim Jong-il, ditador da Coreia do Norte
O Estado de São Paulo
Morreu no último sábado, 17, durante uma viagem de trem, o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-il, aos 69 anos. Ele sofreu um ataque cardíaco, disse a imprensa estatal norte-coreana, dando lugar à segunda mudança de liderança nesse país autocrático e bem armado (detentor de um arsenal nuclear) desde a frágil trégua que encerrou a Guerra da Coreia (1950-53).
A morte foi anunciada em uma transmissão especial da TV estatal por uma apresentadora vestindo roupas pretas, informando que a morte ocorreu em virtude de 'excesso de trabalho mental e físico'.
Em 2008, Kim Jong-il sofreu um derrame, o que o deixou longe dos holofotes por vários meses. Ele reapareceu relativamente saudável em fotos e vídeos feitos em recentes viagens à China e à Rússia, além de várias outras incursões pela própria Coreia do Norte.
A mídia estatal citou o filho caçula de Kim Jong-il, Kim Jung-un, como o 'grande sucessor', mas pouco se sabe a respeito de como ele pretende comandar um Estado misterioso, com 1 milhão de soldados e mísseis que Washington teme que um dia sejam capazes de alcançar seu território.
Estados Unidos e vizinhos da Coreia do Norte fizeram nesta segunda-feira um apelo por estabilidade após a morte de Kim Jong-il, que trouxe mais incertezas para uma das regiões mais militarizadas do mundo.
Os líderes dos EUA, Coreia do Sul e Japão mantiveram contatos telefônicos para discutir a situação, que se desenrolava durante a madrugada (pelos horários de Washington e Brasília).
A Coreia do Sul, ainda tecnicamente em guerra contra o Norte, colocou suas Forças Armadas em alerta, segundo a agência de notícias Yonhap, e o presidente Lee Myung-bak convocou o Conselho de Segurança Nacional. Mas o Ministério da Defesa sul-coreano disse que não há sinais de movimentos militares excepcionais na Coreia do Norte.
A Casa Branca divulgou uma breve nota se comprometendo a trabalhar com a Coreia do Sul e o Japão, dois dos seus principais aliados asiáticos, a fim de preservar a "a estabilidade na península coreana e a liberdade e segurança dos nossos aliados".
O Japão também reuniu seu gabinete de segurança e disse ser necessário se preparar para situações de segurança inesperadas. O governo, no entanto, não chegou a colocar as Forças Armadas em alerta. "O primeiro-ministro (Yoshihiko) Noda instruiu os ministro na reunião de segurança a se prepararem para o inesperado, incluindo questões financeiras, questões domésticas da Coreia do Norte e assuntos fronteiriços", disse um porta-voz governamental japonês.
A Coreia do Norte testou nos últimos anos vários mísseis no trecho marítimo que separa o país do Japão, e também sobre o próprio arquipélago japonês. Além disso, há casos de japoneses sequestrados pelo regime norte-coreano.
A China, único país que pode ser considerado um aliado importante da Coreia do Norte, demorou quatro horas para soltar uma nota de pesar pela morte de Kim.
"Ficamos abalados por saber do lamentável falecimento do mais graduado líder norte-coreano, Kim Jong-il, expressamos nosso pesar por isso e estendemos nossas condolências ao povo da Coreia do Norte", disse Ma Zhaoxu, porta-voz da chancelaria, em nota citada pela agência Xinhua.
Muitos consideram que, sem o apoio de Pequim, a dinastia Kim iria desmoronar. Kim Jong-il havia herdado o poder do seu pai, Kim Il-sung, fundador do regime comunista norte-coreano.
A Rússia, outro vizinho com interesse direto na estabilidade coreana, ainda não se manifestou sobre a morte do dirigente.
China, Rússia, Estados Unidos, Japão, e as duas Coreias são as seis partes envolvidas em uma prolongada negociação que visa a convencer os norte-coreanos a abrir mão do seu arsenal nuclear, em troca de benefícios políticos e econômicos. O diálogo foi abandonado em 2008, e sucessivos esforços diplomáticos posteriores foram infrutíferos para levar à sua retomada.
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