domingo, 11 de dezembro de 2011

Divisão do Pará (50)

Antenor Pereira Giovannini (*)

Acabo de votar.
Apesar dos meus amigos e ex-companheiros de trabalho, também aposentados, e que moram no Sul , discordarem do meu voto, mas, não há como não querer mudanças. Sufraguei 77.

Certamente se morasse em outro lugar, a minha opinião poderia ser igual à deles e de muitos que o objetivo dessa separação é somente político, que haverá inchaço político com criações de cargos de governadores, secretários e com eles toda a infra-estrutura necessária, que a divisão dos bens fará com que esses novos estados nasçam falidos e precisando de recursos federais para se desenvolverem, etc. e por aí afora.

Porém, ninguém vive por aqui. Todos contrários opinam vendo a coisa de longe. De muito longe. Ninguém ainda pisou no interior do Pará. Ninguém pisou no oeste do Pará. Por isso, é fácil falar que é contrário.

Alguém poderá perguntar: Mas, a divisão pode mudar esse quadro de abandono? Certamente não há uma resposta categórica, porém, pelo menos se tenta e se briga para mudar algo que vem há mais de 300 anos administrado da mesma forma, e não há chances de mudar.

Leio o discurso de um deputado contrário à divisão alegando que deveríamos nos unir para mudar esse atual quadro de distribuição de recursos. Ora,senhor deputado, estou há 10 anos vivendo no oeste do Pará, e há 10 anos ouço e leio propagandas eleitorais divulgando seu nome e o que o senhor fez até agora nesse período? O senhor e seus colegas convencidos pelo senhor a não querer a divisão, fizeram algo para mudar esse quadro? A resposta é tão clara quanto seu voto: NÃO. Nunca vocês sentado na Assembléia fizeram algo a não ser em benefício próprio. Agora o senhor vem dizer que irá fazer. Balela. Mentira. Hipocrisia.

Tenho um grande amigo que mora no litoral de São Paulo e que aposentado, tempo livre, cabeça feita, pega sua potente Harley-Davidson e cruz as estradas paulistas, paranaenses e até gauchas para visitar amigos, parentes, novos lugares. O progresso, o crescimento, concedeu que ele tivesse tais estradas à sua disposição. Aqui ele andaria tão somente 30/50 km e voltaria para casa. A Constituição não diz que os direitos são iguais? Por que ele pode ter e nós não podemos ter acesso rodoviário nenhum? Nós não vamos à capital do nosso Estado. Essa mesma capital cuja grande maioria literalmente nos vira às costas porque eles não sofrem esse tipo de falta. Vejam as cidades em torno de Belém ou que tem acesso rodoviário até Belém o quanto se desenvolveram nesses últimos 10 anos. E nós quanto regredimos?

Isso é justo?
A divisão não fará termos estrada ou ficaremos à mesma coisa é o que dizem os contras.

Porém, o mais importante em relação ao que temos hoje. Nós brigaremos por aquilo que é nosso. Nós lutaremos pela nossa casa. Hoje somos inquilinos eternos de Belém. Hoje pedimos favores a Belém que nos atende quando pode e nunca pode. Extraem nossas riquezas e não nos devolvem em benefícios aquilo que exportamos.

Há um egoísmo secular enraizado para que tudo fique na mesma.
Por isso tudo, não custa tentar.Não custa sonhar.

Em 10 anos de Pará. 3 governos se passaram.Um pior que o outro para o oeste. Concederam apenas esmolas. E vão continuar fazendo a mesma coisa, porque o estado como um todo é grande e pobre mas prefere continuar dessa forma, grande e mais pobre.

Vamos torcer para que a divisão ocorra.

(*) Aposentado e agora comerciante e morador em Santarém (PA)
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário