Edilberto Sena (*)
Quando será que o governo federal vem dialogar e escutar os moradores da Amazônia antes de iniciar seus projetos na região? Eles são criados lá na capital federal, com interesses alheios aos direitos dos povos da Amazônia. Mais um projeto federal para a cidade de Santarém é planejado em Brasília, sem consulta aos envolvidos aqui.
Tem razão a prefeita municipal ao discordar do projeto da nova pista na avenida Cuiabá. Para atender os interesses dos exportadores de madeira e grãos pelo porto das Docas, o governo federal decide duplicar a avenida Cuiabá com uma pista exclusiva para caminhões e carretas pesadas.
Para isso, o Ministério dos Transportes deseja desapropriar todas as casas e prédios comerciais, desde o bairro da Matinha até a esquina das avenidas Tapajós com a Cuiabá. É mais uma obra do PAC para atender os desejos de acelerar o crescimento econômico das grandes empresas exportadoras de grãos e madeira, para ajudar a elevar o Brasil ao quinto lugar entre os países ricos do planeta. Tudo à custa dos povos da Amazônia.
Tem razão a prefeita de Santarém ao discordar desse projeto grotesco. E não apenas deve discordar, mas mesmo impedir o absurdo e proteger a cidade e os moradores. Deverá mesmo mostrar outro plano ao governo federal para mudar o porto das Docas para além do rio Ituqui. Ali no limite entre os municípios de Santarém e Prainha, nas barreiras.
Isto salvará a cidade das sujeiras que despejam os navios rio acima da cidade.
O porto das Docas foi construído no local errado pela decisão da ditadura militar, na década de 1970. Os estudiosos explicam que não se constrói hoje um porto rio acima próximo de uma cidade como Santarém. Isto porque toda a sujeira transportada pelos grandes navios ancorados é lançada no rio e corre para a frente da cidade.
Santarém é elogiada mundo a fora, por sua beleza paisagística com dois belos rios à sua frente, caso único no mundo. Uma cidade abençoa para oferecer a indústria limpa do turismo Por isso os portos das Docas e da Cargill não podem continuar ali.
A prefeita municipal precisa do apoio da população, dos vereadores e especialmente dos moradores ao longo da avenida Cuiabá para impedir a construção de pista exclusiva para caminhões pesados e mais, ela precisa de apoio da população para exigir mudança no porto das Docas para fora da cidade.
Quem gosta de nós somos nós e não o governo federal. Novo Estado, com novo porto de carga pesada, fora da cidade. Pise firme prefeita!
(*) Sacerdote e Diretor da Rádio Ruralem Santarém PA)
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