Polícia Federal apreende material do Segundo Tempo em Juiz de Fora
Jose Cruz (*)
Uma semana depois da queda do ministro Orlando Silva, Wadson Ribeiro – pré-candidato à Prefeitura de Juiz de Fora, em 2012 – continua titular da Secretaria de Esporte Educacional do Ministério do Esporte. Enquanto isso, a Polícia Federal investiga o desvio de dinheiro do Segundo Tempo para abastecer campanhas eleitorais do PCdoB, e apreendeu computadores, documentos e arquivos na casa de José Augusto da Silva, em Juiz de Fora (MG), nesta quinta-feira.
José Augusto, que em 2010 foi um dos coordenadores da campanha de Wadson Ribeiro (PCdoB) para a Câmara dos Deputados, é o presidente do Instituto Cidade, ligado a uma fábrica de material, fornecedora do programa Segundo Tempo.
A informação é do repórter Marcelo Portela, correspondente de O Estado de S.Paulo em Belo Horizonte.
Diz a notícia:
No ano passado, José Augusto foi um dos coordenadores da campanha para deputado estadual de Wadson Ribeiro (PCdoB), braço direito do ex-ministro do Esporte Orlando Silva, que deixou o cargo após série de denúncias de desvio de recursos em convênios, principalmente do programa Segundo Tempo. José Augusto foi intimado para prestar depoimento no inquérito ainda nesta sexta-feira, 11.
O material encontrado encheu 16 malotes e, segundo o chefe da PF em Juiz de Fora, delegado Cláudio Dornelas, foi apreendido com autorização da Justiça para evitar que possíveis provas de desvio "se perdessem no tempo". A instituição instaurou inquérito para apurar suspeita de desvio de recursos do Segundo Tempo por parte do Instituto Cidade, que recebeu nos últimos anos aproximadamente R$ 9,5 milhões do Ministério do Esporte.
De acordo com o delegado, há suspeita de uso de recibos fraudulentos, notas fiscais frias e superfaturamento de produtos comprados com a verba federal e a polícia investiga a possibilidade de os recursos terem sido desviados para abastecer campanhas eleitorais do PCdoB. "Há indícios de que recursos não foram aplicados no Segundo Tempo", disse o policial.
Ainda segundo Dornelas, deve ser formada uma força-tarefa de peritos contábeis da PF para analisar a documentação e a polícia não descarta a possibilidade de realizar novas buscas. Com relação à suposta participação de outras pessoas no esquema, o delegado afirma que todos que forem citados nos documentos ou depoimentos serão chamados para serem ouvidos.
Assim termina a reportagem de Marcelo Portela:
“Além de agentes da PF, as buscas na fábrica também tiveram a participação de auditores do Ministério do Trabalho, já que os funcionários são contratados por meio de uma cooperativa, mas o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) da entidade não está registrado na Junta Comercial de Minas Gerais (Jucemg) e será investigada a legalidade dos contratos”.
Memória
Na semana em que o Ministério do Trabalho tropeçou em denúncias de corrupção, provocando revelação afetiva do ministro, Carlos Lupi, ao declarar seu “amor” pela presidente Dilma Rousseff – o que um político é capaz para se manter ministro... – a notícia de investigações nas suspeitas de fraudes no Ministério do Esporte demonstra que a Polícia Federal está agindo. As denúncias de corrupção no Segundo Tempo não ficaram no esquecimento.
Até agora, a reforma ministerial não ocorreu. Os colaboradores de Orlando Silva, que caiu por não agir com rigor contra as denúncias de corrupção, continuam nos seus cargos. O esquema não foi desmontado e é nesse ambiente que trabalha o ministro Aldo Rebelo.
(*) Jornalista e que cobre há mais de 20 anos os bastidores da política e economia do esporte, acompanhando a execução orçamentária do governo, a produção de leis e o uso de verbas estatais na área esportiva.
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