Edgar Flexa Ribeiro (*)
O Ministério da Educação meteu-se em nova encrenca. Como nas anteriores, tudo parece ter origem na convicção de que eles lá, geniais, sabem melhor que ninguém o que é bom para nós, os outros.
Eles acham que sabem o que se tem que aprender, o que se deve ensinar, e quem vai fazer uma coisa e a outra.
Mais ou menos como me disse uma vez um pai de aluno acerca do ENEM: “Já entendi: para meu filho ser considerado um jovem brasileiro bem formado, tem que responder à pergunta que o MEC faz, do jeito que o MEC quer.”
Essa convicção é tão arraigada que eles não se dão conta de que, se eles fossem mesmo isso tudo, a educação nacional não estaria ruim como eles mesmos dizem que está. Não caiu a ficha da contradição.
Agora foi a hora de eles confundirem frequência escolar com inclusão social, no caso de crianças e jovens que precisam dominar técnicas próprias para se relacionar com o mundo exterior às suas percepções: deficientes visuais e auditivos.
Muitos deles estudam em institutos especiais aqui no Rio. Mas o MEC entendeu que não ia mais ser assim, pois todos, sempre segundo o MEC, serão muito bem atendidos em escolas regulares como qualquer outro estudante, tudo em nome da inclusão social.
Alta autoridade do MEC veio ao Rio passar essa comunicação. Os cursos iriam fechar no fim de 2011.
É claro que todo mundo reparou no absurdo da decisão. Os pais dos alunos reclamaram, pais de crianças com necessidades especiais reclamaram, especialistas reclamaram, a opinião pública reclamou.
O MEC negou tudo. Mas acontece que tramita no Congresso projeto de lei originário do MEC, apresentado pelo ministro e encaminhado pela presidência da República, que afirma a intenção de que isso ocorra, a pretexto de promover a inclusão social.
Papelão!
A auto-suficiência do MEC não é de hoje. E nossos problemas na educação começam longe das salas de aula. Ainda sofremos com uma centralização que busca uma fôrma educacional única, que abrigue e atenda igualmente bem toda a diversidade deste país continental.
Talvez o educocrata de Brasília guarde a lembrança concentradora do colonizador vindo de Portugal, oposta à realidade brasileira, de que a distância que vai do Planalto Central a Manaus ou Porto Alegre é igual à que separa Lisboa do Porto ou do Algarve.
O binóculo que o MEC usa está ao contrário, pois o Brasil é muito maior e mais vário do que aquilo que eles conseguem ver.
O MEC merece ficar em recuperação, para ver se aprende mais sobre o país.
(*) Educador, Radialista e Presidente da Associação Brasileira de Educação
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