quinta-feira, 28 de abril de 2011
A nova classe A (enche o saco)
Só se fala da nova classe C, que irrita classes mais abastadas com a invasão dos aeroportos e de outros redutos antes sempre restritos às elites, onde pobre só entrava pela porta de serviço, tal o apartheid social brasileiro de então.
Mas e a nova classe A?
O sucesso de Lula e do PT veio tanto da emergência dos pobres como dos ricos do Brasil. O número de milionários explodiu, bancos de investimento e que administram fortunas descobriram na PTlândia a nova fronteira financeira global.
Outro dia, terça-feira, o Fasano tinha espera de uma hora mal aberto o salão. No outro italiano que encontrei lugar, cariocas expatriados, com seus Blackberries e iPhones misturados aos talheres sobre a mesa, vomitavam riqueza para o restaurante inteiro ouvir e gargalhavam com suas comparações entre Rio, São Paulo, Nova York e... Niterói.
Esses cariocas geralmente estudaram nas boas escolas de economia do Rio (e do Brasil), PUC e FGV, depois foram para os EUA e agora voltam porque a ação está aqui. São Paulo é a nova Nova York. Rio é a nova Los Angeles. Costa Leste e Costa Oeste da via Dutra.
Os cariocas voltaram acompanhados de uma legião de gringos, já que toda corporação global que se preze abriu ou reforçou suas operações no Brasil, onde se investindo tudo parece dar.
Os terninhos estão por toda parte. Quem não usa paletó, põe o blazer com calça jeans. "A energia de São Paulo é incrível", dizem os novos gringos que passeiam em sua garoa.
E o ciclo que alimentou o primeiro boom milionário no Brasil está em curso novamente: nova onda bem-sucedida de abertura de capital das empresas na Bolsa de São Paulo, novo patamar altista das commodities agropecuárias e minerais que exportamos, valorização de terras, imóveis e ativos em geral, moeda forte, economia aquecida, escassez de mão de obra.
Esta nova classe A é muito mais plural do que a anterior porque mais meritocrática, na medida em que se pode ser meritocrático no Brasil. Herdeiros quatrocentões deram lugar a profissionais urbanos e também rurais não mais ligados a heranças fundiárias ou esquemas oficiais, mas estabelecidos por sua capacidade de aproveitar as imensas oportunidades do novo Brasil.
Os novos ricos como os velhos novos ricos são ruidosos, ostentatórios e pouco ilustrados. Mas com uma fome de viver tudo tão intensamente que deve haver alguma beleza nisso.
Se a nova classe média é a cara do novo Brasil, a nova classe alta é a coroa.
As duas serão igualmente importantes na formação do novo país. As duas vieram para romper o status quo que vigorou por séculos entre nós. São fruto de Lula depois de FHC e convergem para um tropicapitalismo que, bem resolvido, justificará finalmente nossa infundada alegria.
(*) Jornalista e escreve para Folha de São Paulo
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