Edilberto Sena (*)
Em recente encontro internacional, dois brasileiros participaram.
Um de São Paulo e outro de Santarém do Pará.
O plenário do encontro queria saber como está a situação do Brasil e do novo governo.
O paulista tomou a palavra e passou a elogiar a presidenta Dilma Roussef, dizendo que ela estava dirigindo muito bem o país, que aumentara o salário mínimo e o bolsa família; que ela segue firme com os projetos do crescimento econômico, o PAC e que o Brasil já é hoje, a 7ª economia mais rica do planeta.
Enquanto isso, a brasileira santarena se mexia agoniada na cadeira, até que chegou sua vez de usar a palavra. Dizia ela ao paulista – olha, colega, a presidente Dilma pode ser tudo isso que elogias, lá para o sul do país e para as grandes empresas do norte e da Zona Franca de Manaus. Mas para os povos da Amazônia, o governo Dilma tem sido uma decepção.
Ou será que o paulista ignora que o governo federal já destruiu parte do rio Madeira em Rondônia e até houve uma rebelião e quebra quebra por trabalho escravo das empreiteiras, consentido pelo governo Dilma? Ignora também que o crescimento da economia do Brasil é feito com a exportação maciça de minérios, madeira e soja da Amazônia, com isenção de impostos pela lei Kandir e grave prejuízo aos cofres dos estados amazônicos?
Ignora também o paulista que o governo federal financia com dinheiro público a destruição dos rios da Amazônia Xingu,Teles Pires,Tapajós, Rio Cotingo em Roraima e outros pra gerar energia barata para as empresas e cara para os residentes da Amazônia?
Oh! colega paulista, você sabe quantos habitantes vivem na Amazônia? Não sabia o
paulista. Pois é colega, são 25 milhões de seres humanos, 95% os quais vivem na pobreza, boa parte deles depende do bolsa família, sinal de miséria, enquanto os povos do sul, ou melhor, as indústrias do sul e sudeste querem energia barata das hidroelétricas da Amazônia. Também as grandes empreiteiras preferem fazer hidrelétricas, do que renovar as turbinas velhas já existentes e obsoletas.
Os rios da Amazônia são vida para os povos da região, mas para o governo Dilma, os rios se tornam mercadoria barata e os povos da região são apenas obstáculos aos crescimento econômico do Brasil. O paulista se calou e o plenário aplaudiu a cabocla da Amazônia.
Afinal, a riqueza da 7ª economia mais rica do mundo é gerada à custa da colonização da Amazônia.
Até quando? Depende dos povos explorados acordarem.
(*) Sacerdote e Diretor da Rádio Rural em Santarém (PA)
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