terça-feira, 16 de novembro de 2010

Pênalti, critérios, impedimentos e interferência

Humberto Peron (*)

Não marcaria o pênalti de Gil em Ronaldo na partida entre Corinthians e Cruzeiro. Desde o momento em que o vi lance, na hora da polêmica marcação, e vendo e revendo milhares de vezes as inúmeras repetições da jogada, não consigo ver falta do zagueiro no atacante.

No lance, só observo o zagueiro tentando cortar a bola, enquanto o centroavante vai recuando para tentar dominar a bola. Existe o encontro --aliás, futebol é um jogo de contato--, mas não há a falta.

Em lances como este, gosto sempre de observar o que acontece no instante da jogada. A marcação do árbitro "surpreendeu" a todos no estádio. Até o público demorou em perceber --e também para comemorar-- que o árbitro havia marcado a penalidade.

Respeito, mas chama a atenção que aqueles --que não são poucos-- que afirmam que houve a penalidade, precisam gastam muito tempo e justificativas para provar que Sandro Meira Ricci acertou no lance.

Mas eu acho que a importância desse lance, mais do que dizer se foi ou não pênalti, se existe um complô para favorecer um é outro time, é que ele escancara a total incompetência de quem dirige a arbitragem no Brasil.

Muitas das regras do futebol são interpretativas e, por isso, é fundamental que os árbitros tenham critérios definidos pelos dirigentes da arbitragem. É necessária uma padronização, principalmente para alguns lances comuns que acontecem em todas as partidas, mas que os árbitros tomam decisões diferentes.

Atualmente, no nosso futebol, cada árbitro adota o estilo que quer --há aqueles que deixam o jogo correr e outros que seguram a partida-- e muda o estilo de arbitragem durante a partida. Desculpe voltar ao lance do pênalti de Gil em Ronaldo, mas, com certeza, se você assistir ao vídeo do jogo vai ver o árbitro não assinalou falta em lances semelhantes.

A falta de apoio de quem comanda a arbitragem no Brasil faz com que os árbitros se envolvam muito no clima da partida, o que nunca deveria acontecer. Hoje, o árbitro quando é sorteado para um jogo já sabe imediatamente a importância da partida, o que ele representa e sabe quais os jogadores estão pendurados com dois cartões amarelos. Todos esses fatores somados acabam influenciando nas decisões do árbitro no campo.

Os árbitros também sabem que atuações ruins contra determinados times podem afetar suas carreiras. Um equívoco contra um time com força política maior vai fazer com que nos próximas rodadas ele não esteja na escala e uma possível chegada ao quadro internacional seja abortada.

Ainda falando de arbitragem --que inclui o juiz e seus auxiliares--, já passou da hora de se encontrar uma maneira --eletrônica ou mais dois auxiliares-- de se diminuir os erros na marcação de impedimentos.

Os erros na marcação de impedimento decidem muito mais partidas que qualquer pênalti mal assinalado. Uns quatro fora de jogos marcados incorretamente --como aconteceram no primeiro tempo da partida entre Corinthians e Cruzeiro, que a arbitragem deu três impedimentos que não existiram dos mineiros e um dos paulistas-- mudam inteiramente a história de uma partida.

O futebol chegou num nível de profissionalismo tão grande que não se aceita mais que a arbitragem altere no resultado das partidas.

(*) Jornalista esportivo, especializado na cobertura de futebol, editor da revista "Monet" .

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