domingo, 28 de novembro de 2010

Palmeiras, mais que uma vergonha (2)

Antenor Pereira Giovannini (*)

Hoje pela manhã encontrei um amigo, por coincidência torcedor do Fluminense, que me perguntou o que eu achava do Palmeiras entregar o jogo que iria ocorrer à tarde.

Respondi que eu faço parte do tempo em que futebol era apenas um esporte e que ainda acreditava que a profissionalismo falaria mais alto, mas, que hoje, futebol é tudo, menos esporte.

É uma guerra onde rivais não são apenas rivais e sim inimigos mortais e que merecem pena de morte. É um ódio que transpassa os muros do estádio e anda no ônibus, no metrô, nas ruas bastando alguém ter a idéia de andar com uma camisa de futebol e este encontrar um contrário. É um comércio nojento onde de tudo pode ocorrer por detrás de riquíssimos patrocínios.

De que adianta querer que seja apenas um esporte e vença quem estiver em melhores condições e obteve méritos na conquista, mesmo que isso irá beneficiar o meu rival. Ele foi melhor e merece ser campeão. Ele não é meu inimigo. Apenas tem o mesmo direito de torcer para um time que difere do meu, apenas isso. Não desejo sua morte. Posso não gostar do clube dele, mas isso não faz com que tenha que ter ódio. Além de tudo isso, para que o campeonato se torne interessante, inclusive comercial, é necessário que todos os times façam parte de um Campeonato.

Voltei para casa e sentei no sofá para assistir o meu time Palmeiras acreditando que ele fosse jogar futebol. Fiquei contente quando vi que vários titulares foram escalados e vibrei com a marcação do 1 gol e isso me levava acreditar que o Palmeiras iria jogar futebol, esquecendo qualquer rivalidade e principalmente não dando bola para que meia dúzia de marginais travestidos de torcedores do Palmeiras gritavam para que deixassem a bola entrar ou então hostilizando o próprio goleiro do seu time.

Pura ilusão . Palmeiras tomou a virada e entregou o jogo. Pode não ter dado gol pode não ter aceito a marmelada, mas, a praticou . Simplesmente parou de correr, não deu um chute a gol, não desarmou o adversário, andou em campo esperando o tempo passar. Isso é entregar o jogo. Isso não é futebol. Isso se chama vergonha.

(*) Aposentado, hoje comerciante, envergonhado com seu time e morador em Santarém (PA)

2 comentários:

  1. Américo Santana - Baurú - São Paulo28/11/10 21:01

    Soul palmeirense e me senti envergonhado.
    Meu filho de 9 anos me perguntou porque o Palmeiras não chuta a gol, não passa do meio do campo. Apenas pude responder que o jogo era marmelada . O que poderia dizer.
    A que ponto chegou nosso futebol .
    Os clubes deveriam ser penalizados com queda para divisão inferior.

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  2. Papai Noel29/11/10 20:53

    Meu caro Antenor: segundo consta, no ano passado aconteceu a mesma coisa entre Corinthians e Flamengo. Eu não vi o jogo, mas é o que se comenta. Eu tenho algumas opiniões sobre esse assunto e não são diferentes das que você acabou de manifestar. Só vejo outro aspecto um pouco mais preocupante. Essa é a mentalidade que se instalou na sociedade brasileira: o culto à sacanagem. Sacanear os outros deixou de ser uma vergonha e passou a ser um valor moral. Afinal, quando um tema não interessa a uma determinada facção no congresso nacional, o que fazem os integrantes dela? Não comparecem para não dar "quorum" e, assim, não permitir que o assunto seja votado. Isso é muito diferente de um time entregar o jogo para não beneficiar outro? E o comportamento dos nada ilustres parlamentares ganhou o nome de "estratégia política". Nessa linha de raciocínio, emitir cheque sem fundos para ganhar tempo não é mais estelionato, nos termos do Código Penal. Passa a ser estratégia de negócios. Modificar o marcador de quilometragem do automóvel na hora de vender, não é desonesto, é estratégia de venda. E assim vamos.

    Os dirigentes de futebol tratam do assunto como se fosse absolutamente normal e aceitável. Mais do que isso, incentivam, fazem coro com os facínoras e acabam estimulando as práticas. Assim como incitam os torcedores a nutrir esse ódio que substitui a saudável rivalidade. Ainda hoje o jornal trás a noticia de que dois torcedores do Cruzeiro, de Belo Horizonte, foram vítimas de um conflito entre torcedores dos dois principais inimigos na capital mineira. Um dos torcedores teve o crânio esmagado por barras de ferro e morreu. Será que o presidente do clube, que há poucos dias estava vociferando contra as armações contra seu time e armando o espírito dos torcedores, estava por ali, presente, no momento do conflito?

    Eu entendo a tua indignação, mas, infelizmente, ela tende a se tornar cada vez mais ampla e não contra apenas os integrantes de um clube de futebol. Ela cabe no país inteiro.

    Abraços

    Papai Noel

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