quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O xadrez político da sucessão esportiva

José Cruz (*)

De um político que circula próximo do gabinete de transição da Presidente Dilma Rousseff, onde ela constroi seu gabinete com discrição impressionante: Dilma quer Manuela D´Ávila no Ministério do Esporte. É da sua cota feminina e ponto final.

O ministro Orlando Silva tentou colocar a liderança do PC do B para pressionar Dilma. Quer permanecer ministro, pois sua meta de se tornar Autoridade Pública Olímpica também está ameaçada, como já se previa nos gabinetes ministeriais, ontem.

O PC do B, porém, dá sinais de que é a vez de Manuela, mas tenta segurar outra vaga no governo, com Orlando cuidando dos assuntos olímpicos.

Problema
Porém, as relações Orlando/Carlos Nuzman azedaram há bom tempo, desde a edição da Medida Provisória 502/2010, conforme comentei em agosto. (link abaixo)

E pioraram, em setembro, com o apoio ministerial à parceria da Petrobras com o projeto de Magic Paula, desafeto de Nuzmam, envolvendo cinco confederações filiadas ao COB.

A Medida Provisória 502 que desagrada a Nunzman está para ser votada na Câmara e no Senado.

Além de criar novas categorias de Bolsa Atleta, coloca o Ministério do Esporte como fiscalizador direto dos recursos das loterias federais (Lei Agnelo Piva) que vão para o COB e Comitê Paraolímpico.

Ou seja, o dinheiro que hoje sai direto da Caixa Econômica para a conta corrente dos dois comitês, deverá ter o aval do Ministério do Esporte antes de ser aplicado. Isso tira a autonomia de Nuzman de distribuir os recursos entre as confederações, como faz desde 2001.

Sobre essa MP farei comentário específico.

Xadrez político
Para reagir, constrói-se o seguinte quadro: Nuzman é amigo do governador do Rio, Sérgio Cabral, que é do PMDB, mesmo partido de Michel Temer, vice-presidente de Dilma.
Entenderam? Não fica tudo mais claro?

Ou seja, por influência de Cabral Orlando poderá perder também o cargo que mais desejava, o de se tornar Autoridade Pública Olímpica, com emprego garantido de R$ 25 mil mensais, até 2018...

Alternativa
Se esse jogo funcionar, o que restará?

Bem, para que o fiel ministro amigo de Lula não tenha que voltar à faculdade para acabar seu curso de Direito, Orlando poderá ser representante do governo no Escritório do Ministério do Esporte, no Rio, para cuidar da Copa 2014.
Amigo dos cartolas, aí deverá se relacionar muito bem.

Esse é o quadro da madrugada passada até agora. Como estamos falando de políticos e interesses partidários é possível que até à noite tudo esteja mudado.

É preciso aguardar.


(*) Jornalits e que cobre há mais de 20 anos os bastidores da política e economia do esporte, acompanhando a execução orçamentária do governo, a produção de leis e o uso de verbas estatais na área esportiva.

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