terça-feira, 10 de agosto de 2010

Trigo – e não é que deu (quase) tudo errado?

Paulo Costa (*)

Há cerca de um mês chamamos o trigo, o mais nobre dos cereais, de “patinho feio e esquecido do agronegócio”, tamanho é o desprezo que se dá aos triticultores brasileiros. Agora me chamam de agourento e premonitório…
Só diz isto quem não conhece as Leis de Murphy (por exemplo, aquela regra que diz que quando algo tem que dar errado é que dá errado mesmo).

Pois é, a maior seca dos últimos 160 anos (já se conhece o termômetro desde Galileo Galilei!) na Rússia, Ucrânia e Casaquistão – três dos dez maiores produtores mundiais fizeram explodir os preços do trigo nos mercados globais.
Enquanto isto, aqui em nosso querido país, onde se plantando tudo dá, o setor tritícola está envolvido com as autoridades governamentais em um “imbroglio” judicial que se encontra na esfera do STJ – Superior Tribunal de Justiça.

Discute-se a revogação de uma Portaria do Ministério da Agricultura, do início de julho, que reduz em cerca de 10% o preço mínimo do trigo nacional. Ontem se falava que uma liminar foi concedida suspendendo os efeitos da Portaria, hoje o STJ esclarece que não é bem isto.
A esperança que resta é que no Paraná e Rio Grande do Sul não tenhamos geadas justamente agora que está por se iniciar o período de colheita. Em ambos os Estados, maiores produtores brasileiros de trigo, os campos estão em excelentes condições e apesar de área plantada menor poderemos ter uma produção ao menos idêntica à do ano passado. Que se não nos livra das importações ao menos alivia o problema.

Neste momento, apesar das baixas temperaturas que temos na região Sul do Brasil, não há previsão de geadas. Queira Deus, pois só com êle parece que o trigo pode contar.

(*) Especialista em agronegócios e bionergia, sócio-diretor de PFSCosta e Associados. Possui mais de 35 anos de experiência nos setores agro, energia e logística, tendo ocupado cargos de direção em grandes empresas. Conteúdo originalmente publicado no Portal Exame, em 03.08.2010.

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