quarta-feira, 27 de julho de 2011

Simão Jatene: maldição do passado

Lúcio Flávio Pinto (*)
Extraido do blog O Estado do Tapajós On Line - blogdoestado.blogspot.com/

Uma das explicações para o sumiço do governador Simão Jatene, que até agora não disse a que veio para um segundo mandato, é a dificuldade para se situar politicamente. Por causa de sua aliança informal na campanha eleitoral e no apoio ao governo com o ex-deputado federal Jader Barbalho, ele é fustigado por O Liberal. Se o caminho da volta do líder do PMDB ao Senado se inviabilizar, Jatene poderá restabelecer em plenitude os elos que o prendem ao grupo de comunicação dos Maioranas. Se Jader assumir a cadeira, a situação ficará difícil para o tucano. E se a decisão judicial se prolongar, pior ainda. Ele terá que morder e assoprar, cantar e tocar flauta (se ao menos fosse um violão...).

Outra razão para a inação do governo é a “herança maldita” de Ana Júlia Carepa. Com a perspectiva de perder a reeleição, a governadora petista rompeu todos os limites. Fez algo parecido ao que Almir Gabriel confessa que praticou para fazer de Jatene seu sucessor e o que Hélio Gueiros mobilizou em favor de Sahid Xerfan contra Jader Barbalho (embora mudando o jogo na undécima hora). Foram tantos os estragos e abusos que a própria Ana Júlia, se tivesse conseguido sair vitoriosa da eleição do ano passado, estaria agora tão ou mais atada do que o adversário tucano. Experimentaria a rebordosa, como se fosse um bumerangue em biruta.

Se todas as providências em andamento forem consumadas e as suspeitas se confirmarem, aí já será possível dar a Ana Júlia o título de a pior governadora que o Pará já teve em muito tempo. Ou em todos os tempos.

Crime governamental
É quase inacreditável: o poder executivo estadual continua a não publicar o demonstrativo de remuneração do seu pessoal. Já passou o 3º bimestre do ano e nada de o governo cumprir sua obrigação, ditada pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Todos os demais poderes públicos divulgam o quadro, inclusive empresas públicas. Mas não o dono da chave do cofre do erário.

A péssima prática foi introduzida pelo economista Simão Jatene, quando sucedeu o médico Almir Gabriel, ambos do PSDB, em 2003. Foi mantido pela petista Ana Júlia Carepa, que bateu o recorde de contratação de assessores especiais para o seu gabinete, uma das ignomínias na administração do Estado.

Petistas e tucanos não divergem quando se trata de sonegar informações à sociedade. Ao cidadão não resta nem o consolo de receber a ajuda das instituições de fiscalização e controle. Elas fazem que não vêem o crime de responsabilidade do governador.
E assim segue a carroça do atraso.

(*) Jornalista, Sociólogo e Escritor

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