domingo, 24 de julho de 2011

Exemplo

Uma fazenda cultivada por 275 pequenos produtores

Apesar das ameaças climáticas e da expansão do setor imobiliário, Curitiba ainda conta com um grupo de pequenos agricultores que mora e planta na capital. 

Levantamento da Secretaria Municipal de Abastecimento revela que, dos 156,6 mil pequenos estabelecimentos rurais do estado, 275 estão na cidade.

Cada chácara tem 5 hectares agricultáveis, em média. A soma dos terrenos equivale a uma fazenda considerada de grande porte no Paraná, com 1,6 mil hectares.
São famílias centenárias, sustentadas, em sua maior parte, pelo cultivo de hortaliças e/ou frutas, como é o caso dos Tessari.

Donos de cerca de 10 hectares de terra no bairro Lamenha Pequena, eles representam bem o grupo de agricultores curitibanos.
Alfredo, o patriarca, com 69 anos de idade e oito netos, conta que faz parte da segunda geração da família. “Nasci, cresci e sempre vivi dessas terras. Hoje, elas sustentam cinco famílias”, diz o descendente de italianos ao lado de Marcos, um dos filhos que o ajudam nos trabalhos do campo.

Ao limpar e selecionar as poucas verduras que sobreviveram a uma série de geadas neste ano, Alfredo conta que já está acostumado com os efeitos do inverno rigoroso da cidade e que a construção de condomínios residenciais tem sido a atual ameaça às lavouras da região. “Estamos sendo cercados. Esses dias um senhor veio aqui e, quando percebemos que iria fazer uma proposta de compra da nossa área, logo dissemos que não estava venda”, relata Marcos.

Embora estejam acostumados com o inverno rigoroso de Curitiba, neste ano os Tessari contabilizam estragos significativos. Cerca de 80% do que estava plantado foram perdidos, calcula Alfredo. “Tentamos preservar alguns talhões da horta, com cobertura plástica. Mesmo assim, não sei se as verduras vão aguentar”, avalia.

O prejuízo não desanima a família, que, diante da falta de espaço para aumentar a horta, começa a expandir os negócios para o município vizinho, Campo Magro, onde comprou outros 20 hectares. “Não sei se meus filhos vão querer continuar na atividade. Por enquanto são muito novos. Mas eu espero morrer aqui”, diz Marcos. 

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