Opinião do Estadão
A economia global deve crescer neste ano menos que os 3,5% previstos em abril pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Os sinais de piora têm surgido em todos os continentes e até os países mais dinâmicos, a começar pela China, maior parceira comercial do Brasil, têm perdido impulso. Durante anos a economia brasileira foi beneficiada pela prosperidade mundial, mas esse quadro mudou a partir de 2008.
No entanto, quase nada se fez no País, depois disso, para elevar seu potencial de crescimento e torná-lo menos dependente da bonança externa.
A nova projeção do FMI, ligeiramente mais baixa, deve ser divulgada no dia 16, segundo anunciou ontem em Tóquio a diretora-gerente da instituição, Christine Lagarde. No mesmo dia, o governo americano informou a criação de 80 mil empregos em junho, 20 mil a menos que o estimado pelos analistas do setor financeiro.
A notícia foi considerada ruim e as bolsas caíram, embora o desemprego tenha continuado em 8,2% da força de trabalho, bem abaixo dos níveis registrados em maio na União Europeia (10,2%) e na zona do euro (11,1%).
Há poucos dias o FMI rebaixou de 2,1% para 2% o crescimento projetado para os Estados Unidos em 2012. Pela nova estimativa, a economia americana deve expandir-se 2,3% no próximo ano. Apesar da crise, o setor privado americano criou 4,4 milhões de empregos nos últimos 28 meses - um cenário quase luminoso, quando comparado com o da Europa. Na maior potência europeia, a Alemanha, o Produto Interno Bruto (PIB) deve aumentar apenas 1% neste ano e 1,4% no próximo, segundo projeção divulgada pelo Fundo no começo do mês.
Os bancos centrais saíram na frente, mais uma vez, na tentativa de conter a deterioração do quadro econômico. O Banco Central Europeu (BCE) cortou de 1% para 0,75% a taxa básica de juros dos 17 países da zona do euro. O Banco do Povo da China reduziu várias taxas, em mais uma tentativa de controlar a desaceleração da economia. Antes disso, já havia anunciado medidas para aumentar o crédito. O Banco da Inglaterra anunciou a intenção de continuar comprando títulos em circulação no mercado, para injetar liquidez no sistema bancário.
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) decidiu em 20 de junho prorrogar por seis meses a Operação Twist, a troca de títulos com vencimento nos próximos três anos por papéis com prazos de 6 a 30 anos - um esforço para baratear o crédito de longo prazo. Ao mesmo tempo, indicou estar pronto para tomar medidas mais fortes, se forem necessárias. Segundo o Fed, a recuperação nos Estados Unidos tem sido mais lenta do que se previa há alguns meses.
A pior estimativa para a economia chinesa, até agora, é de um crescimento em torno de 7,5% neste ano. Se confirmado, será um resultado ruim tanto para a China, em vista de suas necessidades de incorporação de mão de obra, como para seus parceiros comerciais, incluído o Brasil,
Mas o principal foco da crise continua na União Europeia, apesar do corte de juros, das novas medidas de apoio aos bancos e da projetada mobilização de 120 bilhões para investimentos.
O FMI continua recomendando ações mais audaciosas e mais esforços coletivos, como a criação de uma autoridade bancária comum e a emissão de títulos de responsabilidade compartilhada, os eurobonds. A Alemanha continua sendo o maior obstáculo a ações mais ousadas para a promoção do crescimento. Enquanto isso, a situação se agrava.
Para os Estados Unidos o FMI recomenda um ajuste fiscal mais prolongado, com mais espaço, no curto prazo, para estímulos ao crescimento. A adoção dessa política dependerá, no entanto, de entendimentos com o Congresso. Sem isso, adverte o Fundo, um severo aperto fiscal poderá ocorrer em 2013, pondo em risco a recuperação. Acordos, no entanto, são muito difíceis em anos de eleição presidencial.
Resta aos demais países criar meios de se proteger dos impactos externos e de manter algum crescimento. Depender unicamente do estímulo ao mercado interno pode ser perigoso, se isso resultar em deterioração das contas externas. O governo brasileiro tem dado pouca atenção a esse ponto.
A economia global deve crescer neste ano menos que os 3,5% previstos em abril pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Os sinais de piora têm surgido em todos os continentes e até os países mais dinâmicos, a começar pela China, maior parceira comercial do Brasil, têm perdido impulso. Durante anos a economia brasileira foi beneficiada pela prosperidade mundial, mas esse quadro mudou a partir de 2008.
No entanto, quase nada se fez no País, depois disso, para elevar seu potencial de crescimento e torná-lo menos dependente da bonança externa.
A nova projeção do FMI, ligeiramente mais baixa, deve ser divulgada no dia 16, segundo anunciou ontem em Tóquio a diretora-gerente da instituição, Christine Lagarde. No mesmo dia, o governo americano informou a criação de 80 mil empregos em junho, 20 mil a menos que o estimado pelos analistas do setor financeiro.
A notícia foi considerada ruim e as bolsas caíram, embora o desemprego tenha continuado em 8,2% da força de trabalho, bem abaixo dos níveis registrados em maio na União Europeia (10,2%) e na zona do euro (11,1%).
Há poucos dias o FMI rebaixou de 2,1% para 2% o crescimento projetado para os Estados Unidos em 2012. Pela nova estimativa, a economia americana deve expandir-se 2,3% no próximo ano. Apesar da crise, o setor privado americano criou 4,4 milhões de empregos nos últimos 28 meses - um cenário quase luminoso, quando comparado com o da Europa. Na maior potência europeia, a Alemanha, o Produto Interno Bruto (PIB) deve aumentar apenas 1% neste ano e 1,4% no próximo, segundo projeção divulgada pelo Fundo no começo do mês.
Os bancos centrais saíram na frente, mais uma vez, na tentativa de conter a deterioração do quadro econômico. O Banco Central Europeu (BCE) cortou de 1% para 0,75% a taxa básica de juros dos 17 países da zona do euro. O Banco do Povo da China reduziu várias taxas, em mais uma tentativa de controlar a desaceleração da economia. Antes disso, já havia anunciado medidas para aumentar o crédito. O Banco da Inglaterra anunciou a intenção de continuar comprando títulos em circulação no mercado, para injetar liquidez no sistema bancário.
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) decidiu em 20 de junho prorrogar por seis meses a Operação Twist, a troca de títulos com vencimento nos próximos três anos por papéis com prazos de 6 a 30 anos - um esforço para baratear o crédito de longo prazo. Ao mesmo tempo, indicou estar pronto para tomar medidas mais fortes, se forem necessárias. Segundo o Fed, a recuperação nos Estados Unidos tem sido mais lenta do que se previa há alguns meses.
A pior estimativa para a economia chinesa, até agora, é de um crescimento em torno de 7,5% neste ano. Se confirmado, será um resultado ruim tanto para a China, em vista de suas necessidades de incorporação de mão de obra, como para seus parceiros comerciais, incluído o Brasil,
Mas o principal foco da crise continua na União Europeia, apesar do corte de juros, das novas medidas de apoio aos bancos e da projetada mobilização de 120 bilhões para investimentos.
O FMI continua recomendando ações mais audaciosas e mais esforços coletivos, como a criação de uma autoridade bancária comum e a emissão de títulos de responsabilidade compartilhada, os eurobonds. A Alemanha continua sendo o maior obstáculo a ações mais ousadas para a promoção do crescimento. Enquanto isso, a situação se agrava.
Para os Estados Unidos o FMI recomenda um ajuste fiscal mais prolongado, com mais espaço, no curto prazo, para estímulos ao crescimento. A adoção dessa política dependerá, no entanto, de entendimentos com o Congresso. Sem isso, adverte o Fundo, um severo aperto fiscal poderá ocorrer em 2013, pondo em risco a recuperação. Acordos, no entanto, são muito difíceis em anos de eleição presidencial.
Resta aos demais países criar meios de se proteger dos impactos externos e de manter algum crescimento. Depender unicamente do estímulo ao mercado interno pode ser perigoso, se isso resultar em deterioração das contas externas. O governo brasileiro tem dado pouca atenção a esse ponto.
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