Milton Leite (*)
É bonito ver a Espanha jogar.
Posse de bola, passes, cadência, envolvimento. Até o passe milimetricamente certeiro, profundo e a finalização quase sempre fatal. Claro que nem sempre é assim. Na maior parte da Eurocopa que terminou ontem, a Alemanha jogou mais futebol que a Fúria. Mas quando foi necessário, a Espanha decidiu e a Alemanha ficou mais uma vez pelo caminho — a talentosa geração germânica precisa provar que também é vencedora.
É bonito ver a Espanha jogar. Mas é triste também, porque nos faz lembrar que um dia o Brasil foi assim. Já jogou como essa Espanha, tocando, envolvendo, usando a criatividade, goleando e tendo a hegemonia mundial. Os espanhóis ganharam todos os jogos da fase eliminatória e agora, na etapa final, levaram somente um gol (1 x 1 com a Itália, logo na estreia). Isso depois de ganhar a Euro 2008 e o Mundial de 2010 (no qual também não jogaram esse futebol primoroso o tempo todo, mas decidiram quando era preciso). No meio da trajetória, a Copa das Confederações de 2009 foi um acidente de percurso.
A cada vez que a Espanha estabelece uma nova marca, voltam as palavras de Pep Guardiola depois de o Barcelona arrasar o Santos na final do Mundial de Clubes do ano passado: “Meu avô, meus tios, sempre me contaram que o Brasil jogava assim”.
Pois é, jogava. Nossos clubes e nossa seleção cansaram de fazer o que a Espanha (e o Barcelona) repete nos dias de hoje.
A nós, resta refletir. Por que deixamos de ser Brasil? Quando seremos Espanha?
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