A pressa dos sherloques torna ainda mais estranho o assassinato do agente da Polícia Federal que investigou Cachoeira
Augusto Nunes (*)
Citado em várias conversas gravadas pela Operação Monte Carlo, o delegado Hylo Marques Pereira, da Polícia Civil de Goiás, está desaparecido há seis dias.
Nesta terça-feira, o agente da Polícia Federal Wilson Tapajós Macedo, um dos participantes da Operação Monte Carlo, foi morto com dois tiros em Brasília, ao lado do túmulo do pai. Sobre o episódio, o jornalista Carlos Brickmann escreveu, sob o título “Coisa estranha”, a nota transcrita em itálico:
Um especialista em Polícia Federal, daqueles que já viram urubu ficar branco e passarinho comer onça, estranha muito o assassínio do agente federal num cemitério de Brasília. Considera pouco habitual um agente visitar o túmulo dos pais num dia normal, no horário de serviço. Talvez houvesse ali um encontro marcado.
O fato é que o assassínio de um agente envolvido em investigações de tamanho porte gera necessariamente uma cachoeira de suspeitas.
O comentário de 1 minuto para o site de VEJA registra que, minutos depois do assassinato, os policiais de Brasília incumbidos de apurar o caso haviam decidido que ocorreu um latrocínio ou um crime passional. A menos que tivessem resolvido o mistério antes que a morte acontecesse, deveriam ter acrescentado de imediato duas outras hipóteses bem mais convincentes: vingança e queima de arquivo.
Só pensaram nisso nesta sexta-feira, quando as sombras que envolvem a história foram escurecidas por outra tragédia: Fernando Spuri Lima, 34 anos, escrivão da Polícia Federal e colega de trabalho de Tapajós, foi encontrado morto com um tiro na testa na casa onde morava em Brasília. O delegado encarregado de apurar o que houve já avisou que foi “um suicídio clássico”. Mais um caso exemplar de açodamento. Mais uma conclusão comprometida pela ligeireza esperta ou pela superficialidade irresponsável.
A Polícia Federal tem o dever de descobrir os motivos e identificar os autores da execução de um dos participantes da Operação Monte Carlo. Ainda que estejam fora dessa, Cachoeira e os oficiais graduados da quadrilha precisam permanecer na cadeia. Presos, eles continuam mobilizando comparsas em liberdade para a destruição de provas e obstrução da Justiça. Soltos, comandarão o serviço sujo com maior eficiência.
O advogado Márcio Thomaz Bastos seguirá reivindicando a soltura do cliente de R$ 15 milhões. O Brasil decente está obrigado a manter sob estreita vigilância os desembargadores e ministros que julgam os pedidos de habeas corpus formulados quase diariamente pelo doutor preferido da bandidagem dolarizada.
Quem libertar Cachoeira antes da hora é mais que um mau juiz. É cúmplice.
(*) Jornalista e Ex-Diretor do Jornal do Brasil, do Jornal Gazeta Mercantil e Revista Forbes. Atualmente na Revista Veja
Augusto Nunes (*)
O juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima, que autorizou a Polícia Federal a gravar clandestinamente as conversas entre Carlinhos Cachoeira e seus subordinados, e depois decretou a prisão do bando, afastou-se do caso depois de sofrer ameaças de morte.
A procuradora Léia Batista, representante do Ministério Público de Goiás na apuração do caso, também foi ameaçada de morte. Pediu proteção ao Conselho Nacional de Justiça.
Citado em várias conversas gravadas pela Operação Monte Carlo, o delegado Hylo Marques Pereira, da Polícia Civil de Goiás, está desaparecido há seis dias.
Nesta terça-feira, o agente da Polícia Federal Wilson Tapajós Macedo, um dos participantes da Operação Monte Carlo, foi morto com dois tiros em Brasília, ao lado do túmulo do pai. Sobre o episódio, o jornalista Carlos Brickmann escreveu, sob o título “Coisa estranha”, a nota transcrita em itálico:
Um especialista em Polícia Federal, daqueles que já viram urubu ficar branco e passarinho comer onça, estranha muito o assassínio do agente federal num cemitério de Brasília. Considera pouco habitual um agente visitar o túmulo dos pais num dia normal, no horário de serviço. Talvez houvesse ali um encontro marcado.
O fato é que o assassínio de um agente envolvido em investigações de tamanho porte gera necessariamente uma cachoeira de suspeitas.
O comentário de 1 minuto para o site de VEJA registra que, minutos depois do assassinato, os policiais de Brasília incumbidos de apurar o caso haviam decidido que ocorreu um latrocínio ou um crime passional. A menos que tivessem resolvido o mistério antes que a morte acontecesse, deveriam ter acrescentado de imediato duas outras hipóteses bem mais convincentes: vingança e queima de arquivo.
Só pensaram nisso nesta sexta-feira, quando as sombras que envolvem a história foram escurecidas por outra tragédia: Fernando Spuri Lima, 34 anos, escrivão da Polícia Federal e colega de trabalho de Tapajós, foi encontrado morto com um tiro na testa na casa onde morava em Brasília. O delegado encarregado de apurar o que houve já avisou que foi “um suicídio clássico”. Mais um caso exemplar de açodamento. Mais uma conclusão comprometida pela ligeireza esperta ou pela superficialidade irresponsável.
A Polícia Federal tem o dever de descobrir os motivos e identificar os autores da execução de um dos participantes da Operação Monte Carlo. Ainda que estejam fora dessa, Cachoeira e os oficiais graduados da quadrilha precisam permanecer na cadeia. Presos, eles continuam mobilizando comparsas em liberdade para a destruição de provas e obstrução da Justiça. Soltos, comandarão o serviço sujo com maior eficiência.
O advogado Márcio Thomaz Bastos seguirá reivindicando a soltura do cliente de R$ 15 milhões. O Brasil decente está obrigado a manter sob estreita vigilância os desembargadores e ministros que julgam os pedidos de habeas corpus formulados quase diariamente pelo doutor preferido da bandidagem dolarizada.
Quem libertar Cachoeira antes da hora é mais que um mau juiz. É cúmplice.
(*) Jornalista e Ex-Diretor do Jornal do Brasil, do Jornal Gazeta Mercantil e Revista Forbes. Atualmente na Revista Veja
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