Eliane Cantanhêde (*)
Na capital paulista, Kassab é estrela da campanha do tucano José Serra, contra o petista Fernando Haddad. Na mineira, impôs ao PSD a aliança com o petista Patrus Ananias, contra Aécio Neves (PSDB) e a reeleição de Márcio Lacerda (PSB).
Se fosse só mais uma salada partidária brasileira, tudo bem, mas não é. Há muito mais vinagre e pimenta aí, já que Kassab, ao criar um partido, gerou uma grande incógnita: o que, ou quem, está por trás do PSD? Ele continua devendo essa resposta.
Na superfície, o PSD nasceu para acomodar uma multidão de políticos aflitos com os sacolejos da oposição e loucos para pular no barco do governo. Se é só isso, a aliança de Kassab em São Paulo não é com o PSDB, mas com a pessoa de José Serra. E fugaz. Se é serrista lá, é dilmista convicto cá, em Brasília.
Dilma convocou Michel Temer e Kassab, com igual sem-cerimônia, para a mesma missão: driblar as sessões mineiras do PMDB e do PSD, respectivamente, e garantir o apoio ao PT em BH. Faz sentido com Temer, que é vice e foi bem recompensado, até com a presidência da Câmara para Henrique Alves. Mas Kassab é o quê? E saiu de mãos abanando?
Kassab é elogiado por aliados e adversários por produzir o principal fato político do ano passado --o PSD--, mas é um apoio polêmico. Em São Paulo, tem a máquina da prefeitura, mas uma rejeição de bom tamanho. No resto, é incerto, já que tanto pode estar com Lula/Haddad ou com Serra/Alckmin e faz qualquer coisa pelas graças de Dilma.
É razoável supor que se trata de algo estratégico, para além de seus interesses individuais. Mas o quê? A alternativa seria muito mesquinha: por um ministério a partir de 2013?
(*) Jornalista, é colunista da Folha de São Paulo
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