Uma CPI programada para fracassar
Editorial do jornal O Globo
Frustrado o plano de um grupo do PT de instalar a CPI do Cachoeira para manipulá-la a fim de ajudar mensaleiros e tentar emparedar a imprensa profissional, a comissão passou a ser um trambolho do qual o governo tenta se livrar.
Tem obtido êxito até agora. Criada a partir de duas operações da Polícia Federal, Monte Carlo e Las Vegas, a CPI reúne farto material para empreender uma ação histórica no Congresso contra a infiltração do crime organizado nos poderes republicanos. E por isso ela não evolui.
O esquema do contraventor goiano Carlinhos Cachoeira, investigado pela PF, parece bem conectado com a gestão do tucano Marconi Perillo, em Goiás, mas também com a administração do petista Agnello Queiroz, em Brasília, assim como no Congresso — vide Demóstenes Torres — e em meandros da administração federal responsáveis por contratar obras. Neste braço do esquema está a empreiteira Delta. Há, ainda, registros de contatos no Judiciário e no Ministério Público.
O material levantado pela PF, repleto de registros de ações criminosas, muitas na esfera da subtração do dinheiro público, mereceria um profundo trabalho de garimpagem, pela CPI, na reconstituição desta enorme trama montada a partir do contraventor.
Assim, seria possível propor alterações de legislação para evitar a repetição dos delitos. Tudo ilusório. Mas espera-se, pelo menos, que a Justiça e o MP consigam desmentir a ideia de que no Brasil reina a impunidade, ainda mais quando se trata de punir poderosos ou pessoas articuladas com poderosos.
A CPI, afinal, convocou Fernando Cavendish, da Delta — grampeado garantindo comprar políticos por milhões —, o ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot, um dos pontos cardeais dos “malfeitos” cometidos no Ministério do Transportes desmontado por Dilma, e o prefeito de Palmas (TO), o petista Raul Filho, protagonista da, pelo visto, farta videoteca de Cachoeira.
Assim como Waldomiro Diniz, ainda presidente da Loterj, antes de ir para a assessoria de José Dirceu, na Casa Civil, em 2003, foi gravado pelas sensíveis câmeras de Cachoeira em cena explícita de corrupção, Raul Filho foi enquadrado em cenas semelhantes, num toma lá dá cá em torno de contribuição para caixa dois eleitoral em troca de ajuda em concorrências no município.
Mas há visíveis sinais de que tudo continuará na mesma, com a CPI servindo apenas de palco de novas refregas político-partidárias entre PT e oposição. A própria convocação de Paulo Vieira de Souza, Paulo “Preto”, acusado pelo ex-diretor do Dnit, em entrevista à “IstoÉ”, de pedir aditivos para obras no Rodoanel, é nítida operação voltada às eleições paulistanas.
Pois Paulo é acusado de ser alimentador do suposto caixa dois da campanha de José Serra à presidência, em 2010. Os tucanos tentaram, em resposta, chamar o tesoureiro de Dilma, o deputado José de Filippi Jr (PT-SP), porque Pagot disse ter sido procurado por ele para indicar contribuintes em potencial.
Editorial do jornal O Globo
Frustrado o plano de um grupo do PT de instalar a CPI do Cachoeira para manipulá-la a fim de ajudar mensaleiros e tentar emparedar a imprensa profissional, a comissão passou a ser um trambolho do qual o governo tenta se livrar.
Tem obtido êxito até agora. Criada a partir de duas operações da Polícia Federal, Monte Carlo e Las Vegas, a CPI reúne farto material para empreender uma ação histórica no Congresso contra a infiltração do crime organizado nos poderes republicanos. E por isso ela não evolui.
O esquema do contraventor goiano Carlinhos Cachoeira, investigado pela PF, parece bem conectado com a gestão do tucano Marconi Perillo, em Goiás, mas também com a administração do petista Agnello Queiroz, em Brasília, assim como no Congresso — vide Demóstenes Torres — e em meandros da administração federal responsáveis por contratar obras. Neste braço do esquema está a empreiteira Delta. Há, ainda, registros de contatos no Judiciário e no Ministério Público.
O material levantado pela PF, repleto de registros de ações criminosas, muitas na esfera da subtração do dinheiro público, mereceria um profundo trabalho de garimpagem, pela CPI, na reconstituição desta enorme trama montada a partir do contraventor.
Assim, seria possível propor alterações de legislação para evitar a repetição dos delitos. Tudo ilusório. Mas espera-se, pelo menos, que a Justiça e o MP consigam desmentir a ideia de que no Brasil reina a impunidade, ainda mais quando se trata de punir poderosos ou pessoas articuladas com poderosos.
A CPI, afinal, convocou Fernando Cavendish, da Delta — grampeado garantindo comprar políticos por milhões —, o ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot, um dos pontos cardeais dos “malfeitos” cometidos no Ministério do Transportes desmontado por Dilma, e o prefeito de Palmas (TO), o petista Raul Filho, protagonista da, pelo visto, farta videoteca de Cachoeira.
Assim como Waldomiro Diniz, ainda presidente da Loterj, antes de ir para a assessoria de José Dirceu, na Casa Civil, em 2003, foi gravado pelas sensíveis câmeras de Cachoeira em cena explícita de corrupção, Raul Filho foi enquadrado em cenas semelhantes, num toma lá dá cá em torno de contribuição para caixa dois eleitoral em troca de ajuda em concorrências no município.
Mas há visíveis sinais de que tudo continuará na mesma, com a CPI servindo apenas de palco de novas refregas político-partidárias entre PT e oposição. A própria convocação de Paulo Vieira de Souza, Paulo “Preto”, acusado pelo ex-diretor do Dnit, em entrevista à “IstoÉ”, de pedir aditivos para obras no Rodoanel, é nítida operação voltada às eleições paulistanas.
Pois Paulo é acusado de ser alimentador do suposto caixa dois da campanha de José Serra à presidência, em 2010. Os tucanos tentaram, em resposta, chamar o tesoureiro de Dilma, o deputado José de Filippi Jr (PT-SP), porque Pagot disse ter sido procurado por ele para indicar contribuintes em potencial.
Antenor. já sigo seu blog desde 2010, mais ou menos. este não é um comentário sobre o post, foi a única maneira de lhe contactar... tenho um pequeno blog (http://nishidasplace.blogspot.com.br/), mas o intuito do contato é lhe convidar para conhecer nosso site Gente Decente. Visite-nos, tenho certeza que vai gostar. ass. Fabricio Nishida - endereço do site: http://www.gentedecente.com.br/
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