Adilson Rosa (*)
O Brasil está carente de infraestrutura – principalmente rodovias e ferrovias – e a China quer produtos agrícolas para alimentar mais de um bilhão de bocas.
Para que soja e milho principalmente cheguem aos portos chineses é preciso fazer chegarem as commodities até os portos e embarcar nos navios.
Aí é que esse par parece não ser perfeito, pois pelas atuais leis brasileiras o interesse chinês está mais para o divórcio do que para o casamento.
O Brasil tem leis tão esdrúxulas que culpar o Ministério Público por atraso ou paralisação das obras é desconhecer que ele, o MP só está cumprindo as leis.
Para duplicar a Cuiabá Santarém é preciso ter licença ambiental. Ué, mas a rodovia já não está construída? Para que pedir uma coisa dessas?
Pois bem, a lei exige sim.
Absurdos como esses são poucos diante de mais situações constrangedoras para os chineses e para grande parte do mundo.
A ferrovia Cuiabá Santarém, pelo jeito não interessa aos chineses porque eles não entendem o motivo de tanta paralisação de obras que se perdem num emaranhado de armadilhas jurídicas.
O resultado é um aumento de um fluxo de carga de um terço por safra e as estradas não acompanham o mesmo ritmo.
Com uma rodovia que parece mais estreita a cada dia, os acidentes são inevitáveis. E a cada batida, a estrada fecha dos dois lados.
Nessa semana, duas colisões envolvendo carretas – tanto vazias como carregadas – próximo de Jangada e na saída para Rondonópolis, deixaram uma fila imensa de caminhões e automóveis. Perto de Jangada foram mais de 20 horas de pista fechada no período da safra quando o fluxo de carretas e caminhões está no pique.
Culpa de nossas leis que emperram as construções e reformas de estradas e ferrovias.
A sorte de Mato Grosso é que os chineses não foram oferecer a ferrovia para a Bolívia, num traçado saindo de Cáceres até o Chile ou Peru.
Com certeza, Ivo Morales seria mais flexível e deixaria o caminho aberto para que as estatais chinesas instalem os trilhos no país vizinho.
Não conheço as leis bolivianas, mas são infinitamente menos emperradas, amarradas do que as leis brasileiras.
Muitas delas somente para o mundo aplaudir. Leis que não foram feitas para os brasileiros.
(*) Responsável pelo Blog Repórter MT para o jornal Diário de Cuiabá
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