sábado, 3 de dezembro de 2011

Cargill reanima produção de cacau na Bahia

Empresa desenvolve projetos de melhoria da produtividade que levam à reaquecimento da economia e das fazendas da região.

A Cargill, maior processadora de cacau da América Latina, está numa encruzilhada.
A demanda por chocolate só aumenta no mundo todo, mas a produção da matéria-prima não segue o mesmo ritmo.

Os países africanos, responsáveis por 70% do cultivo da fruta enfrentam dificuldades que vão do solo desgastado, falta de infraestrutura à uma crônica crise política.

Resta o Brasil que já foi o maior plantador mundial, mas hoje é obrigado a importar quase 40% das suas necessidades.
Para incrementar a produção nacional, a empresa investe no aprimoramento de um modelo de desenvolvimento sustentável que começa a se tornar presente no sul da Bahia e no Pará. 
"Os produtores brasileiros ainda não sabem que as dificuldades inerentes ao cultivo do cacau são altamente favoráveis ao seu desenvolvimento no pais", diz Rodrigo Bandeira de Melo, gerente da área de originação do departamento de cacau da Cargill.

Mudança de manejo -
A empresa resolveu então agir.
Uma das iniciativas, no valor de € 700 mil, está sendo levada adiante pela Associação da Indústria Produtora de Cacau (AIPC), que congrega as maiores produtoras (Cargill, ADM, Barry Callebaut, Delfi Cacau e Indeca) e tem aporte de um fundo de investimento holandês.

Batizada de Projeto Phoenix, para relembrar os áureos tempos do cacau, consiste na mudança de manejo da planta, levando em conta um aumento de densidade por hectare, a criação de viveiros e enxertia de clones resistentes à vassoura de bruxa e altamente produtivas.

Leva em conta também o fato de que o cacau convive muito bem com a sombra da floresta, sendo a árvore responsável pela preservação de grandes corredores de Mata Atlântica no sul da Bahia.

Os 25 produtores participantes da iniciativa estão no quarto ano do projeto e conseguiram um aumento de 300% na produtividade das fazendas.
"Deu tão certo que eles começaram a replicar a metodologia em outras áreas das fazendas por conta própria", diz Bandeira de Melo.

Outra iniciativa está sendo desenvolvida com a Care Brasil e envolve o aprimoramento da produção em assentamento da reforma agrária e pequenos produtores. Além da geração de renda, as ações priorizam o fortalecimento das associações de produtores e o estabelecimento da responsabilidade socioambiental.

O projeto brasileiro da Care com a Cargill envolve um aporte de US$ 1 milhão.
No sul da Bahia consiste em doze unidades demonstrativas que servem como uma espécie de vitrine de boas iniciativas no cultivo de cacau para pequenos produtores e tem a duração de cinco anos.

"A proposta é que sirvam como pontos de multiplicação de boas práticas que devem resultar em melhoria na produtividade geral das pequenas propriedades", diz o gerente da Cargill.

Os efeitos já se fazem sentir, com a volta dos moradores da região que haviam migrado para outros estados diante da falta de perspectiva da economia local.
"Nos próximos anos, a tendência é continuar a recuperação, mas o déficit de consumo continua e precisamos aumentar ainda mais a produção."

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