sábado, 5 de novembro de 2011

Se puder, não deixe de conhecer

Jericoacoara, era uma vez um vilarejo

Uol - Viagens e Turismo

Enquanto o sol aparece de mansinho e tinge de dourado a água do mar, o burburinho começa em Jericoacoara, no litoral do Ceará. Ainda não são sete horas da manhã, mas o calor, já presente, convida a levantar cedo e apreciar o dia. Sim, em Jeri, como o vilarejo é carinhosamente chamado pelos nativos e turistas apaixonados pelo local, o amanhecer é como um despertador: nos hotéis e pousadas, o aroma do café da manhã – uma mistura de cheiro de pão saindo do forno, bolo quente e café passado na hora – atrai os hóspedes ao mesmo tempo em que o comércio abre as portas.

Mas nem sempre foi assim. Há pouco mais de 20 anos, era comum ouvir que Jericoacoara era uma praia perdida no mapa do Brasil, para mochileiros que buscavam areias desertas ou hippies atrás da paz eterna. Suas poucas ruas (duas ou três e a beira-mar) abrigavam casas de pescadores que, muito antes das sete horas – no mais tardar, às três da madrugada – enfrentavam o breu do oceano para conseguir o ganha pão e o alimento do dia.

Quando os turistas chegavam, hospedavam-se com essa gente: comiam o peixe recém-saído do mar e dormiam em redes. Um belo dia, porém, por essas ironias do destino globalizado, um repórter americano contou para o mundo que Jericoacoara existia. E não era um lugar qualquer: figurava entre as mais belas praias do planeta.

Bastou a notícia no jornal para o vilarejo em pouco tempo mudar completamente. Uma moçada descolada e gringa hoje passeia pelas ruas. Hotéis e pousadas dos mais simples aos sofisticados acolhem todo tipo de turista o ano inteiro. Estrangeiros administram padarias e restaurantes, há joalheria, mercadinhos, farmácias, pizzaria, galeria de fotografia e lojas com araras repletas de marcas desejadas, como a carioca Farm, que vendem artesanato refinado ou Havaianas que chegam a custar mais de R$ 50. Tanto progresso foi bom?

Matemática da preservação
O jornalista do Washington Post não estava enganado. Jeri merece mesmo aparecer em uma lista como a que ele citou – de lugares que vale a pena conhecer.

E se há mais de duas décadas o rústico imperava por lá, hoje existe uma aura que ainda fascina o viajante que pisa naquelas areias pela primeira vez.
A simplicidade foi temperada com a sofisticação e a moradia dos pescadores sem luz elétrica cedeu lugar para uma vila cuja atividade principal é o turismo. “Gosto desse ar mais selvagem daqui”, conta a argentina que pensava que Jericoacoara fosse parecida com Búzios, no litoral do Rio de Janeiro.

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