Antenor Pereira Giovannini (*)
Nos meus quase 40 anos de trabalho, aliás, com muito orgulho, para uma das maiores empresas multinacionais do mundo na área agrícola, 28 deles foram atuando no interior deste imenso País, colaborando para a abertura de novas fronteiras agrícolas. Alguns desses lugares eram pequenas cidades, vilas ou vilarejos que acabaram se tornando grandes cidades e principalmente grandes municípios. Todos eles, através da agricultura, se tornaram fortes, promissores, concedendo aos seus habitantes, oportunidades de crescimento pessoal e profissional. Certamente todos eles se tornariam muito mais fortes e competitivos se tivessem um porto. Mas, longe do litoral e encravado no Centro-Oeste do país lutam com suas armas produzindo e enfrentando as dificuldades logísticas que afligem nosso Pais, quando se fala em transporte seja que tipo for; rodoviário, ferroviário ou hidroviário.
Temos um porto em Santarém. Vale dizer que temos acesso através desse imenso Rio Amazonas até o Oceano Atlântico e daí para qualquer parte do mundo, mas principalmente América e Europa. Muito mais perto que a maioria dos nossos portos, o que já sinaliza custos de fretes mais baratos e competitivos. No entanto, seu uso que deveria ser trabalhado de forma intensa, é pífio. É muito pouco usado até mesmo em virtude de sua estrutura não comportar grandes operações, sem se esquecer da logística rodoviária para seu acesso que a passos de tartaruga vem tentando chegar até a nossa região, a espera da completa pavimentação da famosa BR-163.
Já há uma campanha orquestrada por ongueiros, ambientalistas, eco-chatos de plantão, parte do clero e alguns outros segmentos da sociedade, contra qualquer movimentação no sentido de que esse espaço seja usado em prol do desenvolvimento da região gerando principalmente renda e empregos. Como se não bastasse, nossas autoridades são cada vez mais omissas e menos preocupadas em exatamente se colocar contra esse atraso. Em vez disso, agem como se todo esse mundo que poderia aflorar de maneira pró-ativa para nossa região não fosse algo concreto, palpável, real. . Sinceramente não sei que nome se pode dar a isso. Omissão? Falta de interesse? Medo do desenvolvimento? Incompetência? Falta de conhecimento? Teimosia? Sei lá. Nada explica.
Pode-se aceitar que, em se tratando de Amazônia, haja extrema necessidade de preservação a todo custo e a agricultura mecanizada pode se tornar uma perigosa ferramenta acelerando esse processo de desmatamento. Mas, temos que convir que o Pará seja um dos estados com mais extensa legislação ambiental e por isso, o seu cumprimento deveria ser rigoroso por parte integrante de todos os municípios.
Porém, o agronegócio não se limita a tão somente agricultura mecanizada.
Temos um potencial enorme não explorado com plantas nativas e de preservação, que poderiam perfeitamente fazer parte de um conglomerado de produtos exportáveis usando nosso porto. Frutas tropicais, por exemplo. Cupuaçu, manga, açaí, acerola, romã, abacaxi, melão, melancia, maracujá, e outras centenas que faltaria espaço para listá-las. Alguém pensou em zonear a nossa região para que produtores produzissem tais frutas? Alguém pensou em trazer grupos nacionais ou estrangeiros para que se instalassem em transformassem toda essa produção em polpas, em sucos concentrados e exportassem para o resto do pais e principalmente para Europa usando nosso porto? Alguém pensou que essas indústrias poderiam, alem de fazer simplesmente polpas, produzir essências dessas frutas para qualquer tipo de outra atividade, seja direcionada para o ramo de panificação ou até mesmo perfumaria? Alguém pensou que temos um potencial em flores tropicais, sendo algumas exóticas e que poderiam perfeitamente abastecer o mundo com sua beleza, seu perfume e suas essências junto às indústrias farmacêuticas? Alguém pensou em usar essas culturas de soja e milho dos já instalados aqui para produção de ração animal e abrir um leque enorme de oportunidades no campo da avicultura, suinocultura e principalmente piscicultura com tanques de peixes dos mais variados tipos e tamanhos (inclusive o pirarucu) prontos para abastecer mercados de todos os lugares e usando o porto como desova? Isso sem entrar no ramo da silvicultura que em várias regiões vem crescendo e se tornando de alto rendimento financeiro e principalmente captador de mão de obra.
Aqui absolutamente nada é feito. Ninguém move uma palha para quem sabe viabilizar alguma coisa que gere empregos e rendas.
Sinceramente não sei que nome pode-se se dar a isso.
(*) Aposentado e agora comerciante e morador em Santarém (PA)
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