segunda-feira, 30 de maio de 2011

"Maria Candelária": Sassaricando no Serviço Público

Bellini Tavares de Lima Neto (*)

O carnaval de 1952 foi marcado por críticas por parte da imprensa especializada pela sua mercantilização. O povo somente cantou nos bailes aquelas músicas que as sociedades arrecadadoras permitiram. Muitos sambas e marchas de qualidade foram proibidos de serem veiculadas devido ao fato de não possuírem autorização legal. Assim, nos programas de rádio que antecedem ao carnaval, só se podia ouvir músicas previamente escolhidas, o povo impedido de fato de expressar suas preferências.

No entanto, apesar de apresentar poucos sambas e muitas marchas, uma tendência ao longo dos últimos anos, foi um sucesso em termos de qualidade de suas músicas, qualidade aqui devendo ser entendida em seu sentido carnavalesco. Mais uma vez, escuta-se de tudo; o morro, a cidade, os problemas sociais, o passional, as sátiras aos costumes etc.
Foi um carnaval, pode-se dizer, o mais eclético possível, praticamente todos os gostos contemplados.

Indubitavelmente, Klécius Caldas e Armando Cavalcanti, certamente uma das melhores duplas carnavalescas de todos os tempos, foram os autores da melhor marcha do ano, Maria Candelária, Sátira feroz aos funcionários apadrinhados que, ao invés de trabalharem e fazerem carreira no serviço público, já chegam ao topo da escala do merecimento sem esforço algum. 
Gravada por Blecaute, torna-se um clássico eterno da música popular brasileira:

“MARIA CANDELÁRIA”
“Maria Candelária
É alta funcionária
Saltou de pára-quedas
E caiu na letra ó
Ó, ó, ó, ó!

Começa ao meio-dia
Coitada da Maria
Trabalha, trabalha
Trabalha de fazer dó
Ó, ó, ó, ó!

À uma, vai ao dentista
Às duas, vai ao café
Às três, vai à modista
Às quatro assina o ponto
E da no pé
Que grande vigarista que ela é!”


(*) Advogado , morador em S. Bernardo do Campo (SPO).
Escreve para o site O Dia Nosso De Cada Dia - http: blcon.wordpress.com

Nota do Blog:  Curtam a música e vejam que se fosse composta hoje não seria nada alarmante. Virou rotina. Isso ocorreu há quase 60 anos atrás e o serviço público já era o mesmo que temos hoje ... 

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